24 novembro 2010

Matei uma Barata

Matei uma Barata

Agora há pouco matei uma barata.
Mas não era uma barata qualquer. Era uma ba-ra-ta; pré-histórica; quase 10 centímetros...
Quase um mamute!

Eu já tinha visto essa nojenta outro dia.
Tentei duas chineladas, mas não adiantou. A barata se jogava da parede - literalmente - bem na hora que eu ia acertá-la.
Deixei a janela aberta, com a esperança de que ela tivesse querendo ir embora.  Como não a vi mais por uns 2 dias, assumi que ela tinha colaborado com a minha situação.

Foi aí que eu li a notícia de uma pesquisa recenta da UFRJ, onde diz que a inversão térmica do verão faz as baratas saírem dos bueiros e procurarem locais mais frescos: isso mesmo, nossa casa. É parceiro... quando Murphy ataca, Murphy ataca mesmo.

Já não chega o nojo - o completo asco que me dá só imaginar a imagem de uma barata; hoje,  eu, revirando meus papéis, dou de cara e quase que encosto numa!

Pra conseguir matar uma barata, você tem que pensar como elas.
Se um cara com muita raiva de mim estivesse me caçando impiedosamente, e eu fosse uma barata, para onde eu iria? Obviamente para o buraco mais escuro e difícil de cavocar possível, tão logo esse maluco desse a primeira chinelada.

A operação se deu mais ou menos assim: primeira coisa, retirar todos os papéis, livros, aparelhos, e pilhas e pilhas de coisas que estavam naquela sala (recém me mudei pessoal), em volta do balcão-hotel apropriado pela Barata.
Levei tudo pra sala ao lado. Ensacolei todas as bugigangas soltas espalhadas ao redor, pra não dar margem à obstáculos me atrapalhando.
Arredei todos os móveis, para não deixar lugares inalcançáveis.
Ela tinha entrado numa caixa. Deixei a caixa para mexer por último.
Enfim tentei matar a desgraçada, mas ela fugiu ao redor daquele balcão umas quatro vezes; todas tentativas de assassinato frustradas. Ela corria por todos os lados, se enfiava em todos os buracos e ficava até de ponta-cabeças nas reentrâncias do móvel.

Bem, pensei: agora que eu tinha movido tudo para a outra sala, essa outra sala automaticamente teria se tornado o lugar preferido para a próxima hospedagem noturna da filha-da-puta da Barata. Eu já tinha me resignado. Comecei a guardar meus livros e ajeitar melhor as coisas, para pelo menos diminuir essa probabilidade.

Pra fazer uma ideia do tamanho da barata, sabe como eu fui conseguir matar a infeliz? ...Eu estava levando os livros da segunda sala pro meu quarto, quando ouvi um barulho naquela primeira sala.

O que eu ouvi era a barata carrendo! A barata era tão grande que dava pra ouvir os "passos" dela!
Peguei a infeliz quase na porta, indo justamente para a sala do lado!

Eu não teria conseguido pensar tão bem como uma barata nem que eu fosse uma!

Teve mais um corre-corre, mas dessa vez em campo aberto: salve Sun Tzu, senhor da guerra, e todos os aprendizados que ele me deu sobre "o terreno"!
A barata dessa vez não teve a menor chance. (Apesar de eu ter fechado os olhos; porque aquela gosma é foda...)

E a tal pesquisa da UFRJ ainda fica do lado das baratas, vê se pode?!
Ah, é comida do passarinho? Ah, faz parte da cadeia alimentar da aranha?
...Eu quero mais é que se fodam todas as baratas!
Os passarinhos e as aranhas que virem vegetarianos, ué! Não está na moda mesmo?!

Finalmente, achei o abridor de vinho que eu tava procurando antes disso tudo.
A lei da compensação pelo menos fez gelar um pouco mais o vinho que eu deixei no freezer.

Um brinde às baratas mortas. Saúde pra mim!

-- João Otero - 24-nov-10 --

23 novembro 2010

música: A Rima

A Rima
(samba)

Você que está aí tão distraída
nessa cadeira de madeira envelhecida
me ouvindo cantar e beijando uma bebida
daquelas fortes, só pra esquecer da vida -
vem me beijar...

Você que me parece tão doída
venha pra perto e se escore cá num canto
pra desfazer essa amargura entristecida
vindo provar o dôce mel dos meus encantos
enquanto eu canto...

            Você não tenha pressa de saber
            daquela rima em que eu falo de você
            como se fôsses minha bela, minha linda
            a perdição da minha vida, o meu dôce
            como se fôsses...

         (ai, aiai, aiai, aiaiai, aiaiai... como se fôsses)
         (ai, aiai, aiai, aiaiai, aiaiai... a minha vida e o meu dôce)

Você que em tristes olhos acolheu
os lentos sôfregos arranhos de um violão
enquanto eu toco o seu olhar com os olhos meus
dentro dos seus me vejo só você e eu
pelo salão

            Você que se encontrava sem abrigo
            já tem meu peito como seu novo recanto
            Te quero tanto, mesmo quando eu não te digo
            você comigo é a tal rima que reclamo,
            pois já te amo!

         (ai, aiai, aiai, aiaiai, aiaiai... foi só te ver e eu já te amo!)
         (ai, aiai, aiai, aiaiai, aiaiai... foi só te ver e eu já te amo!)

-- João Otero - 22-nov-2010 --