28 janeiro 2011

O medo

o medo,
um algo ruim dissolvido na incerteza
assaltante e posseiro da mente,
cujo pensamento deveria unicamente
se ocupar de mexer as pernas imóveis,
de correr com presteza!
o medo,
que não serviu jamais para mais do que alguns conselhos
que no teu espelho, serviu apenas para evitar alguns cacos,
uns parcos erros, alguns cortes
(mas já se sofrendo...)
o medo,
que serviu apenas para evitar algumas mortes
(mas já se morrendo...)
o medo,
que enfim, pobre coitado,
nunca deixou por estes lados nada que preste
o medo,
professor severo da timidez
inimigo da paixão e qualquer outra insensatez
palhaço triste do circo da vida, ocupando as tuas noites,
no picadeiro dos teus sonhos
(porque não mais dos meus)
ao medo,
companheiro daqueles que não têm ânsias,
companheiro daqueles que não têm sorte,
o meu sincero abraço forte,
as minhas palmas
e adeus!

-- João Otero - 27-jan-11 --

18 janeiro 2011

Memórias de vinho, macarrão, sushi e bochechas de uma mulher-gato.

10 janeiro 2011

Veias

Dóem as veias
De que se nutre essa dor?
Estariam entupidas
De angústias ou pavor?
Ou estariam elas secas
De amores e frescor?
Dóem as veias
Dóem-me mais do que a dor
Dóem-me além do corpo
Que se esvaiu em torpor
Teriam as veias levado
Para longe o meu calor?
Dóem as velhas veias
Intimadas a depor

-- João Otero - 10-jan-11 --

04 janeiro 2011

Nunca confie nos teus amigos bêbados

A mão companheira é a que bendigoSegredos contados por entre alguns dedos
Onde há abrigo,
confronta-se os medos
...Mas nunca confie nos teus amigos bêbados

Nunca confie nos teus amigos bêbados!

Tudo o que já pude, tudo o que consigo
Tudo o que imito, todos que arremedo
Se são teus amigos
Desvele o segredo
...Mas nunca confie nos teus amigos bêbados

Nunca confie nos teus amigos bêbados!

-- João Otero - 4-jan-10 --