20 março 2011

Do tanto que eu tenho

Do tanto que eu tenho

é cheio de tanto
o peito que eu tenho    
um tanto que quanto
de tudo o que eu minto
e às vezes dá nele
um vazio tão cheio
tão cheio de tanto
esse lado que sinto

é de um tanto quanto
metade do meio
enchido de sonhos
dum sono que tenho
num vento varrido
em borboleteio
chegou-me atrevido
com um galanteio

e o cheiro de encanto
do lado do meio
tão perto da lua
tão perto do seio
flutua vazio
bem leve e ligeiro
varrido dos campos
de um sono alheio

e como era lindo
o vento ventando
o pranto que omito

e como era feio

-- João Otero - 20-mar-2011 --