03 dezembro 2012

Beijos n'água




bateu veloz a asa num zum-zum aveludado
bebericou a água e me mandou um beijo a nado
ficou um tempo em fanfarra, ali no meio do círculo:
picadeiro do circo da cigarra

-- João Otero - 3-dez-2012 --

Vermelho

Quisera ter eu teu batom borrado em meus lábios
Quisera ser sábio pra te conquistar
Quisera ter sorte em quem sabe na vida que passa
Saber te tirar pra dançar
E um pouco mais perto de ti,
Um pouco mais perto da boca,
Ou em qualquer lugar,
Poder aproveitar esse brilho vermelho
Que apenas das almas leoninas emana:
Vermelho de paixão sem-par

-- João Otero - 2-dez-2012 --

16 novembro 2012

Bom-senso


Ah, o bom-senso… (Onde está?!)
Na cabeça de um velho, 
no propósito e na intenção…

Mas nunca o vi acompanhar o outro lado do balcão
quando no lado de lá tem mais pêssego e salário,
e muito menos trabalho 
em só obedecer ao patrão.

Ah, se o balcão soubesse, como bem sabe o patrão,
que do lado de cá tem mais dinheiro,
e um problema, e pouca mão...

…Mas sou brasileiro: dou um jeito!
Jamais vi, até hoje, bom-senso analfabeto de compaixão!

-- João Otero - 16-nov-2012 --

24 setembro 2012

Se encantam as crianças... Por que se encantam?
Se encantam por não saberem dos desamores
Se encantam porque os temores não existem
Aos que são do encantamento,  encantadores
Encantam-se de alfazemas, de algazarras,
Encantam-se de sonhos multicolores
Em bocas enxergam beijos; em olhares, flores
Não vêem nós nas amarras; não temem dores
Se encantam... De que importa serem pequenas
Se o tempo tampouco tem um tamanho?
Se encantam porque o momento vale a pena
E é muito mais sábio que os anos

-- João Otero - 24-set-2012 --

05 setembro 2012

Sobre a zona-de-conforto


        Provavelmente você já tenha ouvido falar da estória da corrida que apostaram o coelho veloz e a tartaruga lenta… E o coelho dispara na frente enquanto a tartaruga segue naquela lerdeza constante. Aí o coelho resolve parar para descansar - já que está tão à frente - e acaba caindo no sono, dormindo demais, e perdendo a corrida para a tartaruga lenta.
        Há quem pense que a moral dessa história é "devagar e sempre". Engana-se quem entende assim.
        O engano decorre de uma falácia: a falsa impressão de que existe apenas duas alternativas entre as quais escolher.
        Mas a moral da estória está implícita. Não se trata de uma escolha entre a mediocridade continuada e a excelência esporádica. A resposta correta é a que não aparece na história: a excelência continuada. A tartaruga persistente vence porque o coelho é idiota. Se fosse um coelho esperto, que não parasse para descansar (que é a armadilha para acabar cochilando), teria entrado para os anais das estórias infantis como o vencedor da corrida.
        Mas para isso não se pode deixar cair em suas zonas-de-conforto. Não se pode dormir demais. Aliás, não se deve dormir enquanto não passar pela linha-de-chegada. Não seja um coelho idiota!

-- João Otero - 5-set-2012 --

20 agosto 2012

One day to try (Poetic dialog with Bob Marley)


above the shades of graves and
below the shinning sky
I saw a man and his dreams
to rot alone and die
his friends of slippery hands
his youth in search to find
a love, a break in violence
a sweeter suicide
and all those tears so sad...
the man who cried
it's all he ever begged
one day to try
one day to try

-- João Otero - dec-29-2011 /  aug-20-2012 --

17 agosto 2012

Fui hoje refrescar meus olhos, mas acabei por acalmar minha mente, meio que a contra-gosto.
E a conta-gotas fui pingando o dia.
Até ficar aqui ouvindo as verdades da country music à esta hora dos poetas.
O desfecho sempre foi sabido; nunca aceito; jamais compreendido... mas quem o sabe, de verdade?!
Se não dormi ontem, tampouco vai ser agora... Se prolonga a infância, se repetem os erros, e eu teimo em não aprender.
Do que me arrependerei amanhã? Tomara que não das mesmas coisas de sempre... Tomara que de arrependimentos diferentes. Tomara que haja um senso de progresso - ou talvez regresso, àquilo que ainda não tive. Junte-se as pedras deixadas atrás no caminho e faça-se a ponte pelo abismo.
E à country music, e ao vinho, e às horas pingando ainda... E ao meu violão que me deu bom-dia, e vai me acordar amanhã... E ao dia que já vem... Bem, o que dizer? Melhor curtir - pois é curto o tempo para ficar tentando se acertar sempre. Às vezes é do jeito errado o mais certo.
E hoje o dia veio errado. Mas talvez tudo dê certo. Vá se saber...

12 agosto 2012

Hábitos


Sempre fui muito criativo e passei a acumular muitas ideias em notas e desenhos, e sempre gostei de planejar; e nunca gostei de perder minhas ideias nem os meus planos. Então já há algum tempo passei a me interessar pelo tema da "organização pessoal", que iniciou como uma necessidade ferramental, mas conforme aprofundei os estudos acabei percebendo que o cerne da coisa era muito mais psicológico e comportamental do que técnico.

Também já há algum tempo me interesso por comportamentos. Nunca estudei psicologia, e particularmente não confio em psicanálise, mas digamos que passei a consumir os livros de "divulgação científica da área psicológica". Esse interesse nasceu vendo as ilustrações de O Corpo Fala, e prestando atenção na linguagem corporal das pessoas, desde pequeno - até que isso virou automático, e eu acabo sendo um razoavelmente bom "leitor de pessoas" agora. 
O interesse em psicologia se reforçou quando passei a perceber que as ciências econômicas eram de fato ciências sociais (e não ciências exatas), e que as leis econômicas eram leis de comportamento. 
E o interesse por economia por sua vez nasceu também de uma necessidade ferramental, quando fiz um MBA em Gestão pela FGV (parei no meio para ir trabalhar na NEC Labs), e tive uma aula excelente sobre macroeconomia. A partir dali passei a compreender os movimentos econômicos das massas... o que me fez mais tarde nutrir interesse pelo livro Freakonomics, onde aprendi e entedi de vez que de fato as ciências econômicas têm muito mais a ver com psicologia do que com matemática. E isso reforçou o meu interesse em psicologia. Até que atualmente não foi com nenhuma resistência que passei a me interessar pelos conceitos de "gamification" e "usabilidade" que estão em voga no campo dos aplicativos web e mobile com os quais trabalho no Spotwish (mas isso é uma outra história...).

Bem, voltando ao interesse em organização pessoal, certa feita comprei por puro acaso o livro Getting Things Done, e ele mudou completamente a minha visão sobre o tema, pois me fez perceber que a abordagem adequada para se lidar com "organização" é perceber do ponto de vista psicológico que existem certos fatores de resistência que dificultam o processo, e ensinou algumas técnicas para se tentar reduzir essas barreiras. Ele te ajuda a criar bons hábitos de organização pessoal de uma forma mais natural, afim ao teu processo natural de funcionamento.
Ainda no interesse em me organizar melhor, acabei comprando Os 7 Hábitos das Pessoas de Altamente Eficazes, best seller no mundo - que nunca li complemetamente, mas rapidamente entendi a mensagem, e logo me pôs a pensar: o que faz algumas pessoas terem sucesso e outras não? O que faz certas pessoas tornarem-se heróis, líderes, ícones?

É fácil perceber que não se trata de nenhuma característica inata na maioria dos casos - pois se assim o fosse, todas as pessoas de sucesso seriam gênios ou supra-sumos genéticos, e isso nitidamente não é o caso.
Me lembrei do livro Inteligência Emocional no Trabalho, que deixa muito claro que as habilidades emocionais são as que mais trazem impacto no nível de sucesso e felicidade alcançados pelas pessoas, e que a inteligência convencional ou as características físicas influenciam muito menos do que convencionalmente se imagina.

É também fácil perceber que não é o meio que determina o sucesso, ou a família, ou as condições sociais - pois fosse assim não haveria movimento social entre classes, nem Gandhi, nem Cristo e nem Mandela seriam ícones, e nem haveria tantos outros diversos casos de pessoas em condições extremamente desfavoráveis que fizeram enormes fortunas em pouco tempo, a despeito de tudo. A propósito, alguém aí viu o filme Em Busca da Felicidade?!

Será que as pessoas de sucesso têm alguma "fórmula secreta" implícita em si? Qual essa fórmula? Não fui o primeiro a perguntar isso - aliás, foi essa pergunta que levou o autor dos 7 Hábitos a descobrir padrões de comportamento entre as pessoas de mais sucesso, e a escrever o livro.
Lembrei de um programa da NatGeo onde estavam mostrando uma espécie de siri lutando: naquela espécie, dois siris machos iriam lutar e o perdedor perdeira apenas uma única vez na vida: o perdedor dispara um mecanismo em seu cérebro que o torna submisso para sempre! Isso realmente me pôs a pensar: o macho perdedor  é perdedor simplesmente porque o cérebro dele lhe diz para ser. E se o cérebro do perdedor não registrasse essa derrota, ele poderia lutar novamente com o macho alfa e vencê-lo? E se o macho alfa venceu por sorte, porque tinha uma pedra no meio do caminho (sem qualquer conotação poética...)? Será que esse tipo de mecanismo existe em nossos cérebros também?! Será que essa é a diferença entre as pessoas de sucesso e as pessoas comuns - a simples "crença", impressa em nosso cérebro, inconscientemente, de que "podemos" ou não "podemos"?

Mais tarde houve outro livro, Thinking and Reasoning in Human Decision Making, que passei a estudar porque também me interesso pela forma como as pessoas se comunicam. Já me interessava pelo tema das "discussões que viram briga", pois me irritava entrar numa discussão e apresentar todos os argumentos lógicos e mesmo a outra parte entendendo a lógica, não aceitar a dedução dos argumentos (pois isso é lógicamente impossível e incoerente). E voltei a me interessar pelo tema quando percebi que para uma "democracia direta" a principal ferramenta necessária é um framework pelo qual um número muito grande de pessoas consiga chegar em um consenso lógico. E especialmente para tentar criar esse framework de como as pessoas poderiam chegar a consensos de forma lógica, comprei esse livro - e acabei por entender que as pessoas não se comunicam de forma lógica. Grande revelação: a maior parte das nossas decisões cotidianas não são baseadas em lógica, mas sim em heurísticas, que na maioria das vezes são muito influenciadas por aspectos emocionais!

Ahá! Agora junta tudo: Inteligência Emocional, que diz que o controle emocional é o principal fator de sucesso; os 7 Hábitos, que indetifica padrões comportamentais nas pessoas de sucesso; o siri do NatGeo, que gravou em 1 momento no seu cérebro um comportamento que influencia o resto de sua vida... Resposta: os hábitos são o que diferenciam os gênios, os heróis e os líderes, das pessoas comuns; os hábitos é o que dão sucesso às pessoas. 

Os hábitos são comportamentos cotidianos que fazemos sem pensar, durante a maior parte do nosso tempo. Não são momentos de sorte ou de superação que mudam a vida das pessoas. Sim, podem mudar; mas como a vida é longa, a probabilidade de "azares" de mesma magnitude é a mesma, e no final tudo se equilibra. Mas algo que você faz o "tempo todo" e na "maior parte do tempo" tem um efeito cumulativo durante toda a sua vida. O sucesso é uma construção cotidiana, moldado em hábitos.
Desde lá passei a me interessar pelo tema "hábitos". E percebi padrões de algumas pessoas de sucesso, como no livro do Bernardinho, onde ele demonstra o hábito de se manter fora da zona-de-conforto para atingir e manter níveis de excelência esportiva; no livro Pai Rico Pai Pobre, onde o autor em um trecho conta ter feito um curso sobre mercado imobiliário e que ficou rico (simplesmente porque ao contrário dos seus colegas de curso, ele resolveu de fato por em prática o que aprendeu no curso); e diversos outros livros e comportamentos cotidianos de pessoas diversos (aos quais eu ainda continuo prestando atenção).
Recentemente aguardando pelo horário do cinema acabei matando tempo em uma livraria (dois dos meus hábitos), e me deparei com o livro "The Power of Habit". Comprei sem pensar, mais interessado em gamification (porque estou muito focado em fazer do Spotwish o melhor aplicativo que irá proporcionar a melhor experiência de vida real do mundo), e me surpreendi muito. Ele explica como os hábitos se criam, como mudar hábitos, e todo o processo cerebral envolvido nisso. Fundamentou o que eu já desconfiava. Recomendo a leitura.

Enquanto uns assistem novela, outros têm o hábito de ler. Enquanto uns dormem um  pouco mais para curtir a sensação de prazer do sono, outros levantam cedo para fazer exercícios. Enquanto uns correm risco, se manifestam e inspiram as massas, outros sofrem calados e submissos. E tudo são hábitos, construídos e reforçados no dia-a-dia. E isso é o que explica e diferencia as pessoas de sucesso: hábitos - mesmo que inconscientes. 

E não me entendam mal: não faço julgamento de valor em cada atividade. Talvez ver novela te torne uma pessoa mais feliz e isso seja mais útil para alguém do que ler (e há leituras mais ou menos úteis para cada indivíduo também...).
Mas se conscientemente buscarmos mudar os hábitos que não queremos ter, isso será um dos principais fatores de diferença nos resultados que você vai alcançar ao longo de sua vida. Hábitos não dependem da sorte, nem de outras pessoas, nem do clima. Hábitos dependem de você, apenas.

E se os meus pais, tia e vó não tivessem o hábito de ter sempre livros e enciclopédias esparramados pela casa, aliado à minha curiosidade inata, possivelmente eu não tivesse me habituado a ler tantos livros e nem tido tantas referências para acabar percebendo isso.
Aliás, hoje é dia dos pais: obrigado pai!  :-)

-- João Otero - 12-08-12 --

29 julho 2012

Me disseram

"Graças a Deus!" - me disseram... :(

28-abr-10

Quando


quando a porrada vem
a gente fecha os olhos
quando apita o trem
a gente vira as costas
quando a saudade aperta
a gente liga o rádio
quando a distância aparta
a gente manda a carta
deixe o amor que arda
e a alegria tarda
e a gente faz é nada

-- João Otero - 29-jul-2012 --

22 julho 2012

Da Lua


Porque a Lua inspira tanto o poeta?
Deve ser esse desdém no olhar, 
tão discreta espiando e lá, tão alta, 
e tão difícil de alcançar,
e tão esbelta, 
que nem precisa lembrar ao poeta
do seu devido lugar...

E porque o poeta só quer tanto o que não pode?
Ah... essa é a pergunta que me fode!

-- João Otero - 22-jul-2012 --

19 julho 2012

Menino


virada a pele do'homem ao avesso
debaixo o menino aparece
que coisa! perceber que em seu sentido
autêntico a impressão não se arrefece:
mantém sutil o rosto mais travesso,
e tudo o que é mais puro segue ileso...
e sem qualquer pudor (por mais que inspire),
ao tom do pensamento reza a prece: 
que eu possa ter enquanto ainda respire,
vazio de medo e livre de outros pesos,
de novo, as verdades que mantive
de volta a completar quem me merece

-- João Otero 19-jul-2012 --

18 julho 2012

Da Dor


Sofri, mas de sofrer se esquece
ao se passar constante em dor as horas
Espero pela dor que me merece
a despertar-me mais bravio no agora
atenta à aflição terrestre
do sonho que mais alto mora
Machuca, mas mostra-me que sentes
o apelo doentio que chora
clamando pelo amor latente
que um dia leve a dor embora

-- João Otero - 18-jul-2012 --

Para Poesia


Chega de clorofila,
de rimar as dores do amor,
chega de mitologia,
de reis, de deuses, de mar...
Não me venhas declamar atos heróicos, conquistas...
Não me filosofe no ouvido
deixando opiniões em pistas
Chega de abstrações concretas:
sejas direta! Mas sem pornografia...
O que quero que me digas? 
Entretém-me - és arte! -, Poesia!
Quintaneie-me um pouco, que eu preciso me acalmar
Que escrevam-te com as vísceras,
não com a mão, nem com a cabeça...
Há de te escrever, quem te mereça,
com os dedos do coração!
O que quero de ti, Poesia? 
Só um aparte de alegria!
Menos de filosofia, e um pouco a mais de arte!

-- João Otero - 18-jul-2012 --

07 julho 2012

Plumas







          plumas passaram
          pairando pelo pátio,
          portando pedidos...

          pingaram pintas de ciúmes 
          nas pedras




Veja outros poemas da coleção Letras

-- João Otero - 7-jul-2012 --

14 maio 2012

Perros




Palomas, perros,
pueblo -
pordioseros...
pidiendo pesos;
pescando restos.



 Veja outros poemas da coleção Letras

-- João Otero - Buenos Aires - 14-may-2012 --

Tango

También escribí mi tango en el Tortoni
- y quién bailaba era mi lengua:
Si lo peleó con leche quente, y el portugués,
y los dulces labios rojos de una chica.

-- João Otero - Buenos Aires, 10-maio-2012 --

06 abril 2012

Visita à Andradas

Que bonita que és,
Andradas querida!
Dentre as belas,
a mais bonita
namorada do Quintana
Que te declamou a vida
em teus trejeitos e reclames
Depois dele não há
quem não te ame!
Até nessas tuas rugas,
e em todos os teus cochichos...

-- João Otero - 5-abril-2012 --

27 março 2012

Boiada

Passa boi, passa boiada
- bradava o vaqueiro valente,
mas parou.

Veio pra São Paulo,
e lá vai ele...
passando como boi
na escada rolante
do metrô.

-- João Otero - 27-mar-2012 --

22 março 2012

Nostalgia de minha terra

Senti saudade dumas gotas d'água
Ah!, quem bebeu dequela fábula...

-- João Otero - 22-mar-2012 --

08 janeiro 2012

O ócio

o ócio
é simplesmente mais um pouco
de tudo o que é fútil
de tudo o que é pífio
um grito que é rouco
é o sócio da agonia
com maestria encarnada em dó
é aquele nó da garganta
de quem não mais se levanta
com a pancada de um soco
é quando o espírito, roto,
já desistiu
virou pó

-- João Otero - 9-jan-2012 --

Transitório

quando se chora de alegria
é por perceber
que tudo o que sempre se queria
jamais voltará a ser

-- João Otero - 8-01-2012 --

04 janeiro 2012

Minha poesia samba

Gosto da imagem da língua
batucando o céu da boca
abafando as notas mudas
de cada letra
como quem samba

Eu gosto da rima pobre
que rima mais, com muitas cores;
pois não é a alegoria
do fim da frase
que me faz bamba

...É esse embalo na rima
e a embriaguez deturpando
duas palavras amigas
de fim-de-festa,
quando se camba

-- João Otero - 5-jan-2012 --
Já não faço mais resoluções de fim-de-ano.
Tampouco reclamo do ano passante ou o menosprezo. Não espero mais que o ano que vem seja melhor.

Torço simplesmente para que ele não me traga maiores problemas do que trouxe o que já se vai (porque vendo daqui, até foi fácil...). Mas não é nem ao ano a quem eu rogo; é a mim mesmo. Decisões mais sábias, mais experiência.

Experiência que aprendi a consolidar com uma retrospectiva de tudo de bom que aconteceu nesse ano que passou. E teve muita coisa boa. Abro um sorriso porque eu sei que o próximo vai ser ainda melhor.

E quanto ao primeiro do ano, é simplesmente uma continuação dessa trilha. Não tenho nada para renovar ou prometer. Baixar cabeça e continuar trabalhando. Não se mexe em time que está ganhando, afinal.

Começar tudo de novo é burrice. O caminho percorrido é parte da trilha.