20 agosto 2012

One day to try (Poetic dialog with Bob Marley)


above the shades of graves and
below the shinning sky
I saw a man and his dreams
to rot alone and die
his friends of slippery hands
his youth in search to find
a love, a break in violence
a sweeter suicide
and all those tears so sad...
the man who cried
it's all he ever begged
one day to try
one day to try

-- João Otero - dec-29-2011 /  aug-20-2012 --

17 agosto 2012

Fui hoje refrescar meus olhos, mas acabei por acalmar minha mente, meio que a contra-gosto.
E a conta-gotas fui pingando o dia.
Até ficar aqui ouvindo as verdades da country music à esta hora dos poetas.
O desfecho sempre foi sabido; nunca aceito; jamais compreendido... mas quem o sabe, de verdade?!
Se não dormi ontem, tampouco vai ser agora... Se prolonga a infância, se repetem os erros, e eu teimo em não aprender.
Do que me arrependerei amanhã? Tomara que não das mesmas coisas de sempre... Tomara que de arrependimentos diferentes. Tomara que haja um senso de progresso - ou talvez regresso, àquilo que ainda não tive. Junte-se as pedras deixadas atrás no caminho e faça-se a ponte pelo abismo.
E à country music, e ao vinho, e às horas pingando ainda... E ao meu violão que me deu bom-dia, e vai me acordar amanhã... E ao dia que já vem... Bem, o que dizer? Melhor curtir - pois é curto o tempo para ficar tentando se acertar sempre. Às vezes é do jeito errado o mais certo.
E hoje o dia veio errado. Mas talvez tudo dê certo. Vá se saber...

12 agosto 2012

Hábitos


Sempre fui muito criativo e passei a acumular muitas ideias em notas e desenhos, e sempre gostei de planejar; e nunca gostei de perder minhas ideias nem os meus planos. Então já há algum tempo passei a me interessar pelo tema da "organização pessoal", que iniciou como uma necessidade ferramental, mas conforme aprofundei os estudos acabei percebendo que o cerne da coisa era muito mais psicológico e comportamental do que técnico.

Também já há algum tempo me interesso por comportamentos. Nunca estudei psicologia, e particularmente não confio em psicanálise, mas digamos que passei a consumir os livros de "divulgação científica da área psicológica". Esse interesse nasceu vendo as ilustrações de O Corpo Fala, e prestando atenção na linguagem corporal das pessoas, desde pequeno - até que isso virou automático, e eu acabo sendo um razoavelmente bom "leitor de pessoas" agora. 
O interesse em psicologia se reforçou quando passei a perceber que as ciências econômicas eram de fato ciências sociais (e não ciências exatas), e que as leis econômicas eram leis de comportamento. 
E o interesse por economia por sua vez nasceu também de uma necessidade ferramental, quando fiz um MBA em Gestão pela FGV (parei no meio para ir trabalhar na NEC Labs), e tive uma aula excelente sobre macroeconomia. A partir dali passei a compreender os movimentos econômicos das massas... o que me fez mais tarde nutrir interesse pelo livro Freakonomics, onde aprendi e entedi de vez que de fato as ciências econômicas têm muito mais a ver com psicologia do que com matemática. E isso reforçou o meu interesse em psicologia. Até que atualmente não foi com nenhuma resistência que passei a me interessar pelos conceitos de "gamification" e "usabilidade" que estão em voga no campo dos aplicativos web e mobile com os quais trabalho no Spotwish (mas isso é uma outra história...).

Bem, voltando ao interesse em organização pessoal, certa feita comprei por puro acaso o livro Getting Things Done, e ele mudou completamente a minha visão sobre o tema, pois me fez perceber que a abordagem adequada para se lidar com "organização" é perceber do ponto de vista psicológico que existem certos fatores de resistência que dificultam o processo, e ensinou algumas técnicas para se tentar reduzir essas barreiras. Ele te ajuda a criar bons hábitos de organização pessoal de uma forma mais natural, afim ao teu processo natural de funcionamento.
Ainda no interesse em me organizar melhor, acabei comprando Os 7 Hábitos das Pessoas de Altamente Eficazes, best seller no mundo - que nunca li complemetamente, mas rapidamente entendi a mensagem, e logo me pôs a pensar: o que faz algumas pessoas terem sucesso e outras não? O que faz certas pessoas tornarem-se heróis, líderes, ícones?

É fácil perceber que não se trata de nenhuma característica inata na maioria dos casos - pois se assim o fosse, todas as pessoas de sucesso seriam gênios ou supra-sumos genéticos, e isso nitidamente não é o caso.
Me lembrei do livro Inteligência Emocional no Trabalho, que deixa muito claro que as habilidades emocionais são as que mais trazem impacto no nível de sucesso e felicidade alcançados pelas pessoas, e que a inteligência convencional ou as características físicas influenciam muito menos do que convencionalmente se imagina.

É também fácil perceber que não é o meio que determina o sucesso, ou a família, ou as condições sociais - pois fosse assim não haveria movimento social entre classes, nem Gandhi, nem Cristo e nem Mandela seriam ícones, e nem haveria tantos outros diversos casos de pessoas em condições extremamente desfavoráveis que fizeram enormes fortunas em pouco tempo, a despeito de tudo. A propósito, alguém aí viu o filme Em Busca da Felicidade?!

Será que as pessoas de sucesso têm alguma "fórmula secreta" implícita em si? Qual essa fórmula? Não fui o primeiro a perguntar isso - aliás, foi essa pergunta que levou o autor dos 7 Hábitos a descobrir padrões de comportamento entre as pessoas de mais sucesso, e a escrever o livro.
Lembrei de um programa da NatGeo onde estavam mostrando uma espécie de siri lutando: naquela espécie, dois siris machos iriam lutar e o perdedor perdeira apenas uma única vez na vida: o perdedor dispara um mecanismo em seu cérebro que o torna submisso para sempre! Isso realmente me pôs a pensar: o macho perdedor  é perdedor simplesmente porque o cérebro dele lhe diz para ser. E se o cérebro do perdedor não registrasse essa derrota, ele poderia lutar novamente com o macho alfa e vencê-lo? E se o macho alfa venceu por sorte, porque tinha uma pedra no meio do caminho (sem qualquer conotação poética...)? Será que esse tipo de mecanismo existe em nossos cérebros também?! Será que essa é a diferença entre as pessoas de sucesso e as pessoas comuns - a simples "crença", impressa em nosso cérebro, inconscientemente, de que "podemos" ou não "podemos"?

Mais tarde houve outro livro, Thinking and Reasoning in Human Decision Making, que passei a estudar porque também me interesso pela forma como as pessoas se comunicam. Já me interessava pelo tema das "discussões que viram briga", pois me irritava entrar numa discussão e apresentar todos os argumentos lógicos e mesmo a outra parte entendendo a lógica, não aceitar a dedução dos argumentos (pois isso é lógicamente impossível e incoerente). E voltei a me interessar pelo tema quando percebi que para uma "democracia direta" a principal ferramenta necessária é um framework pelo qual um número muito grande de pessoas consiga chegar em um consenso lógico. E especialmente para tentar criar esse framework de como as pessoas poderiam chegar a consensos de forma lógica, comprei esse livro - e acabei por entender que as pessoas não se comunicam de forma lógica. Grande revelação: a maior parte das nossas decisões cotidianas não são baseadas em lógica, mas sim em heurísticas, que na maioria das vezes são muito influenciadas por aspectos emocionais!

Ahá! Agora junta tudo: Inteligência Emocional, que diz que o controle emocional é o principal fator de sucesso; os 7 Hábitos, que indetifica padrões comportamentais nas pessoas de sucesso; o siri do NatGeo, que gravou em 1 momento no seu cérebro um comportamento que influencia o resto de sua vida... Resposta: os hábitos são o que diferenciam os gênios, os heróis e os líderes, das pessoas comuns; os hábitos é o que dão sucesso às pessoas. 

Os hábitos são comportamentos cotidianos que fazemos sem pensar, durante a maior parte do nosso tempo. Não são momentos de sorte ou de superação que mudam a vida das pessoas. Sim, podem mudar; mas como a vida é longa, a probabilidade de "azares" de mesma magnitude é a mesma, e no final tudo se equilibra. Mas algo que você faz o "tempo todo" e na "maior parte do tempo" tem um efeito cumulativo durante toda a sua vida. O sucesso é uma construção cotidiana, moldado em hábitos.
Desde lá passei a me interessar pelo tema "hábitos". E percebi padrões de algumas pessoas de sucesso, como no livro do Bernardinho, onde ele demonstra o hábito de se manter fora da zona-de-conforto para atingir e manter níveis de excelência esportiva; no livro Pai Rico Pai Pobre, onde o autor em um trecho conta ter feito um curso sobre mercado imobiliário e que ficou rico (simplesmente porque ao contrário dos seus colegas de curso, ele resolveu de fato por em prática o que aprendeu no curso); e diversos outros livros e comportamentos cotidianos de pessoas diversos (aos quais eu ainda continuo prestando atenção).
Recentemente aguardando pelo horário do cinema acabei matando tempo em uma livraria (dois dos meus hábitos), e me deparei com o livro "The Power of Habit". Comprei sem pensar, mais interessado em gamification (porque estou muito focado em fazer do Spotwish o melhor aplicativo que irá proporcionar a melhor experiência de vida real do mundo), e me surpreendi muito. Ele explica como os hábitos se criam, como mudar hábitos, e todo o processo cerebral envolvido nisso. Fundamentou o que eu já desconfiava. Recomendo a leitura.

Enquanto uns assistem novela, outros têm o hábito de ler. Enquanto uns dormem um  pouco mais para curtir a sensação de prazer do sono, outros levantam cedo para fazer exercícios. Enquanto uns correm risco, se manifestam e inspiram as massas, outros sofrem calados e submissos. E tudo são hábitos, construídos e reforçados no dia-a-dia. E isso é o que explica e diferencia as pessoas de sucesso: hábitos - mesmo que inconscientes. 

E não me entendam mal: não faço julgamento de valor em cada atividade. Talvez ver novela te torne uma pessoa mais feliz e isso seja mais útil para alguém do que ler (e há leituras mais ou menos úteis para cada indivíduo também...).
Mas se conscientemente buscarmos mudar os hábitos que não queremos ter, isso será um dos principais fatores de diferença nos resultados que você vai alcançar ao longo de sua vida. Hábitos não dependem da sorte, nem de outras pessoas, nem do clima. Hábitos dependem de você, apenas.

E se os meus pais, tia e vó não tivessem o hábito de ter sempre livros e enciclopédias esparramados pela casa, aliado à minha curiosidade inata, possivelmente eu não tivesse me habituado a ler tantos livros e nem tido tantas referências para acabar percebendo isso.
Aliás, hoje é dia dos pais: obrigado pai!  :-)

-- João Otero - 12-08-12 --