24 setembro 2012

Se encantam as crianças... Por que se encantam?
Se encantam por não saberem dos desamores
Se encantam porque os temores não existem
Aos que são do encantamento,  encantadores
Encantam-se de alfazemas, de algazarras,
Encantam-se de sonhos multicolores
Em bocas enxergam beijos; em olhares, flores
Não vêem nós nas amarras; não temem dores
Se encantam... De que importa serem pequenas
Se o tempo tampouco tem um tamanho?
Se encantam porque o momento vale a pena
E é muito mais sábio que os anos

-- João Otero - 24-set-2012 --

05 setembro 2012

Sobre a zona-de-conforto


        Provavelmente você já tenha ouvido falar da estória da corrida que apostaram o coelho veloz e a tartaruga lenta… E o coelho dispara na frente enquanto a tartaruga segue naquela lerdeza constante. Aí o coelho resolve parar para descansar - já que está tão à frente - e acaba caindo no sono, dormindo demais, e perdendo a corrida para a tartaruga lenta.
        Há quem pense que a moral dessa história é "devagar e sempre". Engana-se quem entende assim.
        O engano decorre de uma falácia: a falsa impressão de que existe apenas duas alternativas entre as quais escolher.
        Mas a moral da estória está implícita. Não se trata de uma escolha entre a mediocridade continuada e a excelência esporádica. A resposta correta é a que não aparece na história: a excelência continuada. A tartaruga persistente vence porque o coelho é idiota. Se fosse um coelho esperto, que não parasse para descansar (que é a armadilha para acabar cochilando), teria entrado para os anais das estórias infantis como o vencedor da corrida.
        Mas para isso não se pode deixar cair em suas zonas-de-conforto. Não se pode dormir demais. Aliás, não se deve dormir enquanto não passar pela linha-de-chegada. Não seja um coelho idiota!

-- João Otero - 5-set-2012 --