06 setembro 2013

Ensaio sobre a justiça

O traço mais marcante do ser humano é o egoísmo. No limite, sempre "primeiro eu".
Noções mais amplas de solidariedade e colaboração são praticadas até esse limite, apenas.
E a própria noção de justiça, que é um conceito abstratro produzido sobre esses outros conceitos mais fundamentais, também sofre essa influência. A ponto de eu afirmar que, de fato, não existe. Existe apenas como conceito, mas jamais será respeitado de forma unânime por uma população muito grande, por longos períodos de tempo. E a razão é que a "percepção" de justiça sofre influência do egoísmo, que é intrínsico e basal na personalidade do humano bicho. Senão, vejamos: quando o outro ganha o dobro que eu, tem mais importância o fato de eu ter ganho metade do que o fato de eu ter ganho algo extra, que eu não possuía antes. A inveja é relativa ao outro, não a mim ou ao que eu tenho. E tal fato é totalmente irrelevante ao conceito de justiça em sua acepção mais fundamental. Mas eu "sinto" injusto. Agora, veja-se: um mundo idealizado totalmente justo tende a produzir desigualdade - os indivíduos mais bem preparados, os mais afortunados, os mais inteligentes, os mais capacitados... naturalmente, no tempo, vão produzir mais, vão se sair melhor. Qualquer correção forçada desse fato, implica numa injustiça potencial. Mas assumindo-se que a injustiça não ocorra, haverá ao menos a "percepção" de injustiça, decorrente da inveja humana. Assim, a humanidade se auto-regula num patamar inferior: quem se sobressai demais, torna-se excluído; quem acumula demais, gera revolta; quem chama atenção demais, ganha torcida contra. Tanto em relação a indivíduos, quanto a grupos, classes sociais e até mesmo nações. É notória a predileção dos seres humanos pelo "mais fraco", seja time, indivíduo, empresa... Mas não há nesse fato senso algum de justiça. O fraco não têm necessariamente mais mérito pela predileção.  Há sim um senso de inveja, cuja raíz é o egoísmo humano natural. Há muias vezes um senso de empatia, que também é natural, visto que a "maioria", estatisticamente, tende a ser abaixo da média. O que impera, no fundo, é o egoísmo. A justiça, como conceito, é portanto utópica. Mas se no limite, vale o egoísmo, então no limite vale tudo. Só que isso gera insegurança, que egoísticamente, não é algo bom. Emerge naturalmente decorrente disso um acordo tácito onde certos padrões de justiça são respeitados. Mas o respeito à justiça ocorre apenas do ponto de vista de um máximo "local": pode-se esperar justiças em pequenos fatos; mas não se pode esperar justiça de um ponto de vista de máximo "global", respeitada em todos os momentos em relação a um indivíduo qualquer... pois essa juistiça global produz percepção de injustiça. É quase como dizer que receber justiça demais é injusto... É como se a sociedade ainda exigisse um certo grau de selvagerismo, necessário para acalmar ânimos dos menos afortunados que, estatisticamente, são maioria. Sim, é à força da maioria que tudo se rege. E a maioria é sub-ótima. Apenas uma triste constatação da realidade.

-- João Otero - 6-set-2013 --

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Fotografia

Fotografia é arte de fazer poesia com imagens dos outros.

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Os dois piores tipos de gente do mundo são: os ordinários.