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19 outubro 2016

Vírgula



Foi só uma vírgula...
Ainda tem frase
Ainda tem crase
Ainda tem prosa, ainda tem prosa...
Ainda tem rima
Ainda tem clave
Ainda tem nota
Aquela vírgula,
Foi só uma rima torta
Foi só uma pausa
Ainda tem prosa
Ainda tem rosa


-- João Otero - 19-out-2016 --

03 janeiro 2016

Barquinho vazio


             houve algum fio de dor
             tornado rio no meu rosto
             mas um parêntese amigo
             veio desviar-lhe o fluxo
            
             era (obviamente justo)
             algum parêntese em branco
             preenchido pouco a pouco
             com doses pequenas de pranto

             veio-me vazio de muito
             - até que muitou de pouco
             e enfim coube-lhe espaço
             prum barquinho de papel

             e o meu amor, entretido,
             nesse lugar de desvio
             viu que do meio de um rio
             nem mais corria pra ela


             -- João Otero - 3-jan-2016 --

31 julho 2015

Mentiras



A todas que amei tresloucadamente, menti
Mas menti com convicção!
A todas fui sincero ao amá-las de coração!
Não fosses passageiro e retornasse sempre constante,
O que eu diria de ti, amor amigo?
Nem poderia provar-te a minha defesa insana
Mas veja, elas sempre mudam… Tu, és prevalente!
Pois não sou eu quem te minto, meu amor
És tu quem me mentes!


— João Otero - 31-jul-2015 --

14 julho 2015



enchia a boca
enchia a veia
e só o peito 
que não se enchia
de alegria..
na noite fria,
um gato mia
a veia chia
a boca ria
a vida pinga
que nem a pia
mais um balão
de aniversário
que se esvazia.


-- João Otero - 14-jul-2015 --

27 setembro 2014

Sorrateiro




                supus saber sofrer...

                sorvi sorrindo 
                sutis singelezas
                simpatizantes,
                somente sopradas,
                - sopros silvantes -
                sob sórdidos semblantes 
                sorridentes

                …saí sorrateiro;
                sentei sozinho:
                suaves sais
                saíram dos olhos 
                silenciosamente



                — João Otero - 27-set-2014 —

Em nós




                    em nós de mim
                    perdi-me, emaranhado
                    sem saber-me onde era meu,
                    e o que era lado
                    afoguei-me em espera mansa 
                    e ia a nado, desbravando 
                    com paciência, minha grei
                    e tarde, quando o reflexo me alcança 
                    o espelho aguado..
                    descobri que andava alado
                    e voei



                    — João Otero - 27-set-2014 —

07 agosto 2014

O abraço...






o abraço é um pedido de “fica”
contido num pequeno colar
envolto ao peito de quem vai
e já resignado, doendo um ai




— João Otero - 7-ago-2014 —



07 abril 2014





Mais uma dobrinha...
Disse o olho à vida, silencioso
Enquanto aprendia a contar o tempo



-- João Otero - 7-abr-2014 --

06 abril 2014




Eu quero, do meu amor, que nunca deixe-me de ser 
um tiquinho de ilusório; de exageradamente terno...
E que esse nunca seja tão constante e eterno
Que torne em mim o que há de mais real
em belo



-- João Otero - 6-abr-2014 --

01 abril 2014

Bruto





O bruto lapidar que aflora o brilho

Translúcido - de opaco, flácido, absorto

E ao lapidar, o caco e o joelho torto

E o estribilho em ritornelo na beleza que labuto...

Ao retinir da pedra percebo que é fajuto

Um sonho que se leva a vida desfiando




-- João Otero - 1-abr-2014 --


30 março 2014

Quisera ser dígrafo




                                           quisera ser dígrafo,
                                           cumplicência, ressonância,
                                                                   daltonismo

                                           mas teve a vida em dois peitos,
                                           na variância osciloscópica
                                                 da arritmia

                                            morrera de anacronismo





— João Otero - 30-mar-2014 —

29 março 2014

Vaga




                                        e vendo minguar o farol
                                 que balançava lá atrás


                        alentou a quem soubesse, 
                              deste amor, aonde mirar?


                                     se viu só,
                                         sem quem dissesse…


                                não mais que o barco, da proa
                                        não mais que o casco, do mar




— João Otero - 30-mar-2014 —

10 março 2014

Uma linha: poema com preguicinha.

-- João Otero - 10-mar-2014 --

QueBrado




                      q u e b r a d  O
    o                               ã
C             r             ç                 
   q u e         b r a d o !





-- João Otero - 10-mar-2014 --





09 março 2014

Vida




A vida

A vinda
Àqui





-- João Otero - 9-mar-2014 --








de pouco        
    em pouco      

           poucou-se




-- João Otero - 9-mar-2014 --

24 dezembro 2013

Para quem tem o olho inchado

Um amor fajuto. Desses de se querer ficar junto mesmo sem entender o porquê daquela dor insistente no peito onde devia ter só alegria. Mas daí, um dia, a gente acorda com olhos despertos, com olhos de ver, e percebe direito que quem tinha algo ali no lado esquerdo era só você. E a gente percebe que aquilo que nos fizeram crer não era exatamente bem aquilo... "Como que o meu grande amor mentiu pra mim?". "Bem, talvez não fosse tanto meu o amor assim", a gente se questiona. E logo em seguida meio que se desapaixona. E pronto: nasceu um desenganado. Mas a vida é uma longa estrada, com caminhos mil, para quem tem o olho inchado mas a alma juvenil. E depois que a gente murcha os olhos e vê que quase se perdeu na vida por um triz... um dia a gente se apruma e tenta... A gente sempre tenta mais uma vez ser feliz.

-- João Otero - 24-dez-2013 --

27 novembro 2013

Frivolidades





Fale-me frivolidades
Faz falta falá-las
Foram ficando fracas, fracas...
Fechadas, fechadas...
Faltaram em si mesmas.



 Veja outros poemas da coleção Letras

-- João Otero - 27-nov-2013 --


24 novembro 2013

Véu de chuva

véu de chuva
frêmito de asas
arrefecendo brasas
de almas ao relento
que numa tarde fulva
e num gostoso alento
de demorar o tempo
iam em pequenos frascos
acomodando os passos
que a lágrima turva
daquele véu de chuva
ia perdendo ao vento
e encobrindo os traços

-- João Otero - 24-nov-2013 --

14 novembro 2013

Café

soou o estampido
levanta
toma teu café
de pão francês
e leva a pobreza
para passear
às seis da manhã
pois deve ser bom
tá todo mundo lá
deve ser bom
volta com o sol
inverte o sorriso
na boca banguela
celebra em birita
batendo uma palma
no rosto lustroso
da tua mulher
e acorda
voltou a alegria!
soou o estampido
levanta
já é novo dia
toma teu café...

-- João Otero - 28-mar-2014 (nova versão --









soou o estampido
levanta
toma teu café
de pão francês
leva a pobreza pra passear
às seis da manhã
deve ser bom
tá todo mundo lá
deve ser bom
volta com o sol
inverte o sorriso
na boca banguela
celebra com birita
e bate palma
no rosto da mulher
e acorda
voltou a alegria!
soou o estampido
levanta
já é novo dia
toma teu café...

-- João Otero - 14-nov-2013 (versão original) --