29 novembro 2013

Falaram-me de sentimentos descartáveis.
Rá! Pus no blog pra não esquecer como são as coisas...
E hoje, pela primeira vez na vida, eu entendi o significado da palavra hipocrisia. Just for the record.

28 novembro 2013

Novembro foi in-tenso

http://www.eumaior.com.br/

27 novembro 2013

Parque do Povo


Frivolidades





Fale-me frivolidades
Faz falta falá-las
Foram ficando fracas, fracas...
Fechadas, fechadas...
Faltaram em si mesmas.



 Veja outros poemas da coleção Letras

-- João Otero - 27-nov-2013 --


Filme

vivia a vida no pouco em pouco de cada suspiro
não à toa ia parado, enquanto essas coisas correm em volta
apreciando de quadro em quadro, não tinha pressa do fim do filme
era como se a vida gastasse
ia poupando...

-- João Otero - 27-nov-2013 --

26 novembro 2013

Acabei de assistir a porra duma comédia romântica e fiquei com muita raiva.
Just for the record. Merda.

25 novembro 2013

Anoitecer


"teu silêncio me preocupa" -- diz meu pai.

No stress. Tô falante.

A Escala das Coisas

Acumulamos muita coisa.
Do tênis novo, ao porta-retratos, o guarda-chuva, a bicicleta, o carro, a casa, o perfume - e segue a lista... Não pelas coisas em si, mas pelo que nos proporcionam: a atenção dos outros, a boa memória dos momentos com os amigos, a proteção da chuva quando necessário, a diversão, o transporte, o conforto e a segurança, o cheiro bom e um pouco mais de atenção.
Acontece que de tanta coisa, somos mais lentos que um caramujo. Não cabem nossas coisas todas em nossas costas. E tanta coisa assim, no fim, nos limita. Para termos tudo isso, ficamos parados - não podemos carregar. Em suma, nossas coisas não escalam. Ou seja: os benefícios que nossas coisas nos proporcionam, não escalam.
Escalar é quando o efeito ou benefício da coisa aumenta numa proporção maior do que a quantidade de coisas.
Se eu escrevo um texto em formato digital, esse texto escala: eu posso escrever uma única vez e distribuí-lo a um número grande de pessoas. Se eu escrever à mão, numa folha de papel, ele já não escala tão bem. Um tênis não escala. O guarda-chuva escala muito mal até duas pessoas. A bicicleta não escala. O porta-retratos requer um olhar seu para ter valor, e apenas naquele breve momento em que dura o teu olhar... As coisas não escalam, no geral.
Para termos o benefício de nossas coisas, teríamos que tê-las todas conosco, o tempo todo. Mas quantas coisas conseguimos carregar? Comparado com as coisas que temos, muito, muito poucas!
Ao invés de coisas, deveríamos acumular outras coisas: experiências. Experiências escalam, porque estão com você o tempo todo, em qualquer lugar, e você pode acumular mais e mais sem ocupar espaço, e conseguido carregá-las.
A quantidade de bons momentos e memórias de lugares fascinantes. O aprendizado de culinária, de línguas, de lugares, de técnicas, de matemática, de histórias. A memória muscular para desviar de um objeto em sua direção, ou para cair sem se machucar. A inteligência emocional para tratar com as pessoas e consigo mesmo. Saber dançar. Saber tocar uma música. Saber pensar.
Porque no final, você aproveita muito pouco de todas as coisas que tem - quase nada. E só o que te acompanha por toda a vida, em qualquer lugar, na prisão, na cama de hospital e até o leito de morte, são as suas experiências.
Ademais, as coisas produzem alguns efeitos colaterais: ansiedade, preocupação e a insegurança de perdê-las; que nos faz menos propensos a riscos, e por consequência menos propensos a experiências - e isso já seria ruim o bastante. Mas o pior, é que as coisas nos limitam: nos tiram a liberdade. Quem cuidará de suas coisas quando você quiser viajar pelos quatro cantos do mundo?
Quem teve a vida mais rica: o que acumulou coisas, ou o que acumulou experiências? Pois não são as experiências o propósito final das coisas? Ou seja, não temos coisas pelo que elas nos proporcionam, afinal?
Assim como as crenças, nossas coisas nos limitam.
Ok, as coisas são necessárias sim. Dormir ao relento não é legal. Ter que procurar um novo lugar para dormir toda noite não é lá muito tranquilizador. Uma casa facilita. Mas sua necessidade é sempre momentânea. O ideal seria tê-las todas descartáveis; alugáveis. Acumular o benefício das coisas, não as coisas em si.
Sem conclusões ainda. Só comecei a pensar nisso hoje...
Apenas percebi que o benefício das coisas que temos é muito ínfimo se comparado aos parcos momentos em que as usamos. Me parece um desperdício. Tanto de dinheiro, e quanto mais de vida - que na escala das coisas, é muito mais importante!

-- João Otero - 25-nov-2013 --




A vida não é dura...
É que ela nos empurra às vezes aonde não pensamos ir
Ela só é bem mais forte que as nossas vontades
Mas não dura
Basta não querermos tanto... Basta surfá-la um pouco
Na vida, só o que nos cabe são as nossas escolhas momentâneas
Todo o resto é puro wishful thinking

24 novembro 2013

Uma sala de cinema, antes do filme, sem gente dentro: perfeição de luz e silêncio.
Aprende a não querer, e terás o mundo.

Véu de chuva

véu de chuva
frêmito de asas
arrefecendo brasas
de almas ao relento
que numa tarde fulva
e num gostoso alento
de demorar o tempo
iam em pequenos frascos
acomodando os passos
que a lágrima turva
daquele véu de chuva
ia perdendo ao vento
e encobrindo os traços

-- João Otero - 24-nov-2013 --

21 novembro 2013


17 novembro 2013

Insônia. Segunda semana. Até parece filme...

Pois bem, vejamos onde levam os pensamentos aleatórios - a essas horas já nem devo pensar direito mesmo:

A palavra do dia (noite) é "ansiar". Ouvi falarem e anotei.

Palavra tão poética. Tão significativa. Desejar, almejar. Tão contraditória. Aflição, angústia. Tão repugnante. Náusea, enjôo.

Uma palavra que parece uma borboleta.
Fiquei pensando qual o meu estágio...

Fiquei pensando se não quer dizer tudo a mesma coisa, também. Deve querer. Deve ter um significado oculto, alguma espécie de radical da verdade, preso em todas as diferentes semânticas da palavra.

E se almejar for mesmo tão próximo de náusea quanto aparenta? Não seria então melhor não almejar?

Aí me lembro das viagens de carro para a praia, passando pelas curvas da serra... Náusea. Fixar o olhar ao longe. Passou... Aprendi com meu pai.

Fixar o olhar ao longe - quando vem a náusea. Ou quando almejar.

E eis que pensei nisso hoje mesmo: fixar o olhar ao longe - de certa forma.
Coincidências? Ou estou apenas fazendo acordado o trabalho cognitivo que o meu sonho deveria estar fazendo comigo dormindo? Organizando as gavetas... Juntando os trapos...?

Organizar os trapos. Fixar o olhar ao longe. Remediar a náusea. Suprimir o desejo.

Fixar o olhar ao longe.
Borboleta.

Bater asas.

Talvez um sonho. Só um sonho.
Só um pensamento furtivo.... Foi lá, voou... Sono. Dormir. (Tomara!)

15 novembro 2013

A abjeta morte de uma imagem idealizada. É a coisa mais triste do mundo.

Três Penas

Tenho três penas comigo:
Uma na mão,
Uma na alma,
E outra no umbigo
- porque lá parou meu coração
Uma me empurra ao perigo
Outra me pune na mesma razão
Mas é a terceira pena que me lembra
O que merece a minha atenção

-- João Otero - 15-nov-2013 --

14 novembro 2013

Café

soou o estampido
levanta
toma teu café
de pão francês
e leva a pobreza
para passear
às seis da manhã
pois deve ser bom
tá todo mundo lá
deve ser bom
volta com o sol
inverte o sorriso
na boca banguela
celebra em birita
batendo uma palma
no rosto lustroso
da tua mulher
e acorda
voltou a alegria!
soou o estampido
levanta
já é novo dia
toma teu café...

-- João Otero - 28-mar-2014 (nova versão --









soou o estampido
levanta
toma teu café
de pão francês
leva a pobreza pra passear
às seis da manhã
deve ser bom
tá todo mundo lá
deve ser bom
volta com o sol
inverte o sorriso
na boca banguela
celebra com birita
e bate palma
no rosto da mulher
e acorda
voltou a alegria!
soou o estampido
levanta
já é novo dia
toma teu café...

-- João Otero - 14-nov-2013 (versão original) --

10 novembro 2013

é muito dificil para mim aceitar a imperfeição
nao que eu nao aprecie beleza na contemporaneidade, nem que eu seja parnasiano
mas ainda sou romantico, idealista
vejo que há arte no acaso
os dramas sao historias até mais bonitas
que esses romances
mas os romances deixam abertas portas, por serem perfeitos, por nao terem feito escolhas ainda
o drama nao: se desenrola, não há volta
eu nao sei ainda viver sem escolha
nao sei bem aceitar, sem ficar imaginando como teria sido abrir a outra porta
estou em processo de reinventar-me
mas consciente;
não por mero acaso
já vejo beleza na
rima imperfeita
na métrica quebrada
nas dissonâncias do jazz e da bossa
Vejo a verdade do aikido
do improviso, do fluxo
o surf
o aceite, a adaptação de darwin
a vida idiossincrática, como ela é - do nelson
mas ainda desistir do sonho,
me soa com um tom de derrotismo
de justificativa
um gosto meio amargo
de icompetencia
até que ponto é uma mudança autêntica de paladar?
e até que ponto é só racionalização - eu, entregando os pontos?
até que ponto sou mesmo eu,  e onde começa minha percepção a ser influenciada pelos meus eus mais íntimos?
fracasso ou evolução,
sei lá...
ainda sou um romântico
no limite do idealismo
afinal, qual a borda do infinito?