21 dezembro 2014

Mamão só parece que tem mamão dentro. Mas daí você dá uma colherada e... sumiu mamão. Cadê mamão?!! Cadê?!
Não tem mamão. Só parece que tem. Mas não tem. #mamaofake

Agora, semente de mamão, tem! Ôxe! Semente de mamão tem pacarai!
Mamão até parece a Vida...


26 novembro 2014

Coisas que eu odeio


balas de goma verdes
inveja
mentira
iTunes
injustiça
manga (fruta)
gritaria
anis
funcho
arak
(anis, funcho e arak é meio que tudo a mesma coisa...)
moralismo, moralidade e tudo o que privar a liberdade individual
unhas dos pés pintadas com cores fortes
congestionamento
dormir cedo
acordar cedo
ronco
certos tipos de surpresas
o Estado de Bem-Estar Social
hipocrisia
cheiro de comida quando estou dormindo
cartilagem de galinha na comida
cheiro de vinagre
estupidez
fanta uva
pessoas que não sabem ouvir
barraco
bixos superfelizes fazendo gracinhas em voz alta (vide hiperfelicidade eufórica...)
traição
dirigir em porto alegre
dor-de-cabeça
dor-de-garganta
ter que ir ao mercado
ter que ir cortar o cabelo
...simplesmente "ter que" qualquer coisa
trabalhar para os outros
trabalhos de aula
música sertaneja
beterraba
música sertaneja
novela
música sertaneja (...é que eu odeio muito!)
a voz da vocalista do Pato Fu
andar na Rua da Praia ao meio-dia
procurar vaga para estacionar
deliveries fechados quando eu tô com fome
sentir frio
sair das cobertas no inverno
ficar entediado
domingos à tarde
o caminhão do gás
o síndico
pessoas que atravessam a faixa-de-segurança na diagonal
hiperfelicidade eufórica grupal (vide bixos superfelizes...)
Zorra Total
metrô em Sampa no horário de rush (ou quase quaisquer outros horários)
tomate poroso
coisas mal-acabadas
disputar a guarda da poltrona do cinema / ônibus / avião
catracas que demoram para abrir
pessoas que comem pipoca no cinema (devia ser proibido!)
grupos de pessoas conversando no cinema (deviam ser presos!)
horários bancários
o delay dos carros ao abrir ou fechar o sinal
multidões compactadas (especialmente em horário de almoço de zonas comerciais ou empresariais)
festas apertadas
pessoas olhando minha tela enquanto escrevo no computador
pessoas que esbarram em mim
que me encostem
ar-condicionado em temperatura diferente de 24 graus
dormir de janela aberta (porque a temperatura cai durante o meu sono e eu acordo com dor-de-garganta)
mosquitos
moscas
baratas
pessoas andando lado-a-lado e trancando toda a calçada
cheiro de alho (especialmente acordar com)
cheiro do shampoo anti-caspa clean & clear (especialmente acordar com)
o "rio" Pinheiros
bombons de figo
a ameixa da torta Marta Rocha
côco disfarçado em chocolate
dobrinha do encosto da cabeça da poltrona do ônibus
quem grita ao falar ao telefone
horários comerciais (porque não sempre?); horários - enfim.
esses fiapos brancos no meu cabelo
fofocas / ti-ti-ti / novela / conversar sobre a vida dos outros (tudo a mesma coisa)
teclado de celular
caminhão ultrapassando outro caminhão na terceira faixa

(to be continued...)

13 novembro 2014

Coisas que eu amo

sinuosidades
haikais
fios dourados
olhos azuis
leite moça
transformar guardanapos em bolinhas de papel
cheiro de chuva
barulho de chuva
pintura zen
minimalismo
silêncio
lua
amoralidade
pizza
suar
cumplicidade
madrugada
discussões filosóficas
livros!
tempo
balançar na rede
filmes de ficção
o Estado Ultra-mínimo
maracujá
morango
humor britânico
certos tipos de surpresas
Manhattan
cozinhar para amigos
franqueza
determinação + persistência
dedilhados de violão
cadernos em branco
Bach
poesia
folha em branco
jogos de salão
videogame
liberdade
banho demorado
brigadeiro
desacomodação
preto e branco
sensação de brinquedo novo
férias
idéia nova na cabeça
churrasco com a galera
histórias pessoais
pessoas incomuns
sofrer - às vezes... (quem nunca?)
mancebos
Darwin
lógica
(to be continued...)



O dia, que corra.
Queria é que as manhãs se espreguiçassem um pouco mais...

-- João Otero - 13-nov-2014 --

10 novembro 2014


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07 novembro 2014

Lições de vida que os cotonetes nos trazem

Me considero um cara de sorte. O inusitado acontece em mim...
150 cotonetes novinhos num pote - que era mais caro que a caixa, mas a organização tem o seu valor. Abro o pote, escorrega a tampa da minha mão, escorrega o pote entre os dedos, bate o pote na quina do balcão, e vai girando em direção ao chão... Tudo isso em câmera lenta. 
E eu pensando "que caiam poucos cotonetes fora do pote... que caiam poucos...".
Todos. Todos os cotonetes caíram no chão! Não sobrou nenhum no pote.
Os cotonetes ensinam que sorte ou azar é uma questão de spin.
Pra cada sorte que eu tenho, êta de azar!
...Aí naquela dúvida de se a regra dos 5 segundos vale também pros cotonetes, vou lá enfiar os ditos de volta no pote.
Segunda lição dos cotonetes: certas coisas, depois de bagunçadas, nunca voltam pro pote do mesmo jeito que eram antes.

-- João Otero - 7-nov-2014 --

01 novembro 2014

E quando a gente um dia aprende que beijos carregam significados,
a gente aprende a ler beijos.
E então percebemos a sempre companheira falha de comunicação.




-- João Otero - 1-nov-2014 --

Cotidianos II








                  "Costumo conversar com as pessoas que eu gosto" - disse ela.
                  Foi quando eu quis virar costume...




                   -- João Otero - 1-nov-2014 --

Cotidianos I







                                "Pra que viajar? Só para encher os olhos?!"
                                          - E aí eu percebi que faltava-lhe um furo
                                          entre os olhos e o coração.







                                -- João Otero - 1-nov-2014 --



Beco


Nunca foi conto de fadas em nenhum lugar... É um olho que filtra; foto que foca. Escondendo o que não quer mostrar - gotas de desesperança de que o mundo não precisa. Vem da cisma de um olhar que edita particulares poemas que o mundo nos lança. Mas eu lido melhor com a coisa fria, crua, do que a obra recitada; com a música que é escrita do que a que me é cantada. Eu lido melhor com os olhos inchados e o coração pulsando na boca. Com os lábios mordidos, rachados; e com a garganta rouca, sorvendo o que há de dores pra mim nessa vida. Com rasgos e arranhões, com  espadadas: o meu caminho é a verdade coroada. Que ainda há de beijar a face inchada e afagar a minha alma dolorida. Antes que me chegue ao fim esse longo beco sem saída.


-- João Otero - 1-nov-2014 --

25 outubro 2014



                    Poucas coisas doem mais que a frustração.




19 outubro 2014

Smoothie



                 Pegou todas as coisas graves
                 E brinquedificou-as
                 Tudo ficou tão suave, tão smooth
                 Que agora as graves coisas riam
                 Em mute e câmera lenta
                 
                 ...Aquele suco 
                 empessegou um pouco a vida


                 -- João Otero 19-out-2014 --

27 setembro 2014

Sorrateiro




                supus saber sofrer...

                sorvi sorrindo 
                sutis singelezas
                simpatizantes,
                somente sopradas,
                - sopros silvantes -
                sob sórdidos semblantes 
                sorridentes

                …saí sorrateiro;
                sentei sozinho:
                suaves sais
                saíram dos olhos 
                silenciosamente



                — João Otero - 27-set-2014 —

Em nós




                    em nós de mim
                    perdi-me, emaranhado
                    sem saber-me onde era meu,
                    e o que era lado
                    afoguei-me em espera mansa 
                    e ia a nado, desbravando 
                    com paciência, minha grei
                    e tarde, quando o reflexo me alcança 
                    o espelho aguado..
                    descobri que andava alado
                    e voei



                    — João Otero - 27-set-2014 —

25 setembro 2014

Yin





Como o respingo de café 
na imaculada página do livro
dá-lhe histórias,
Tudo o que nos quebra a perfeição da escrita,
como uma facada dolorida,
dá-nos vida
Faz-se em vírgula necessária,
como uma ária
na imensa sinfonia de nossas breves memórias
A perfeição nasceu para ser amassada,
para ser corroída
para ser borrada e em seu preto-e-branco
tornar-se colorida
Pois para ter sentido,
falta que viva



— João Otero - 26-set-2014 —

22 setembro 2014

L'amour est dans le jardin




Un homme cultivait dans son jardin des betteraves
Mais il devait réagir car l'heure êtait grave
Ses petites plantes si pures avaient des points blancs
Pour réflechir, il alla se poser sur un banc

Soudain, une lumière jaillissa d' une fente
Et il comprit qu' il pouvait parler aux plantes
Il s' approcha, s' assit près d' une salade
Et demanda pourquoi elles etaient si malades

Une jolie betterave, lui expliqua en larme
Qu' elle était tombée sous son charme
Ainsi, le jardinier se transforma en radis
Et dans une salade, ils finirent leur vie



-- Le 18.9.2014 --
Céline R.
João Otero








Houvesse a deslumbrante forma dos teus olhos
Untado em lágrimas a tristeza pura,
Seria essa tristeza mais leve que dura,
Seria a solidão mais breve,
Seria só a saudade, que um dia te leve embora...
Mas ficaria agora para sempre tua candura


-- João Otero - 19-set-2014 --

08 setembro 2014

Hábitos






                                             Desperto às sete horas
                                             com um acre fedor de alho
                                             E depois, um foi-ninguém,
                                             fedendo num ato falho
                                             Combinando com o pontual
                                             marrento fedor do Pinheiros
                                             às quatro-horas-da-garoa
                                             Êta terra de gente boa,
                                             fedendo no trem pro trabalho
                                             É, São Paulo fede pra ca-
                                             ramba



                                             -- João Otero - 08-set-14 --






07 agosto 2014

O abraço...






o abraço é um pedido de “fica”
contido num pequeno colar
envolto ao peito de quem vai
e já resignado, doendo um ai




— João Otero - 7-ago-2014 —



23 julho 2014

Xarópio






                                                            No timeline,
                                                            um moralismo opinativo universal
                                                            Nunca antes tão impróprio
                                                                          Xarópio
                                                                          de raíz-do-mal



                                                            — João Otero - 23-jul-2014 —

16 julho 2014


11 julho 2014

(clique para aumentar)
Uns 20 e tantos anos sem desenhar; até que tá... Mas deu preguiça de completar.

05 julho 2014

Dentre as horas apertadas...






                            dentre as horas apertadas do encontro e da partida
                            duas almas ansiadas
                            ensaiando a despedida

                                     ...e num meio-tempo comprido,
                                                                   foi-se a vida

                            (seria mais fácil tê-la vivido)



                            -- João Otero - 5-jul-2014 --





Boca de Boneca





                                            Boca de boneca
                                            Beijos de brinquedo
                                            Buraco de vida
                                            Hábito sarnento
                                            Mácula plantada
                                            Fábula colhida
                                            Pés que vinham vindo
                                            Garganta apertada                                            
                                            Mágoa preterida
                                            Olho cor-de-lindo
                                            Tez que encanta o toque
                                            E ainda há muito rock
                                            To roll 
                                            na vida...



                                            -- João Otero - 5-jul-2014 --





Beijos num papel






                                                         a lua,
                                                         quase apagada do céu...
                                                         mandou beijos num papel
                                                         sob a guarda do poeta

                                                         ficou espiando quieta
                                                         o bobo babando mel



                                                         -- João Otero - 5-jul-2014 --



01 julho 2014


22 junho 2014

A Vida é um Doce


                                    A vida é um doce (de glacê)!
                                    Tortuosas tortas em cada esquina
                                    E a estrada feita de gelatina
                                    E até uma bruxa, pra te comer

                                    E ao longo da estrada colorida
                                    João indagou a um pudim:
                                    Que hei de  fazer de mim?!
                                    Pois haja fígado pra essa vida.

                                    E o pudim só ficou lá
                                    Pingando calda queimada
                                    Na gelatina mole da estrada
                                    Onde João foi caminhar

                                    E quando achou que andava só
                                    Viu restos de pão-de-ló
                                    Num bosque de marzipan

                                    Seguindo o cheiro do mel
                                    Viu uma moça de chapéu
                                    com uma torta de maçã...

                                              ...E João lembrou que era doce. Muito doce.
                                              Doce até demais - essa vida (de hortelã).


                                    — João Otero - 22-jun-2014 —


12 junho 2014






Quando vi, até pensei em escrever o post #333 às 4:44 da manhã, faltando 44 visualizações pro blog atingir 20.000. 
Mas daí, ah...



09 junho 2014

Dos torpes sorrisos de dois amigos





                                                    depois que agrada a goela
                                            a gota ardente da cachaça
                                            no triste canto da tua casa
                                            percebes que estás só…
                                            e em desaperto ao nó da tua gravata
                                            te fogem as traças do casaco
                                            quando lhe bate o trapo e o tira o pó.
                                            e de repente, estás sedente
                                            novamente
                                            por vida e ânimo;
                                            e compaixão 
                                            e dó.




                                            — João Otero - 9-mai-2014 —

Por aí...



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(ps: a foto não é minha)








06 junho 2014





             O tempo, como o percebo, é escassez, brevidade e finitude.
             Verdade e intensidade tornam-se cruciais.



-- João Otero - 6-mai-2014 --

04 junho 2014

Sobre as verdades




Ninguém nunca mente. Proferem entretanto verdades congênitas.
Encasuladas borboletas transformistas.
Verdades adequadas; incubadas. Mas todas verdades.
Somente a mais deslavada e pura verdade.
Dessas que descem arranhando quente na garganta.
(Que é assim que se a degusta as verdades aparadas de seus adendos.)
Já a verdade inteira, essa é uma outra história…
É verdade crua, viva - e nem todos têm paladar para ela.
Verdades são costumeiramente só aceitas bem cozidas.
Meu paladar, no entanto, é grotesco: só engulo verdades ante-útero.


-- João Otero - 4-mai-2014 --

Liberdade




         Quanto vale a liberdade?
            Quanto custa? 
            E quanto cobra?

                   No final, vale o que sobra…



— João Otero - 4-mai-2014 —

Desejava tingir a tela branca...






Desejava tingir a tela branca. Vazar-lhe alguns dos revoltosos vermes destas pulsantes veias. Verter-lhe uns vícios e alguns mesquinhos risos e o meu veneno lento. Compartilhar-lhe os fardos do carcomido peito. …E nem com o teto destelhado; com a janela aberta e o galho debruçando-se; com a barriga em cólica; nem sem ninguém ver: sozinhas, cá comigo e com o vento; e nem pela ponta dos dedos - essas palavras não saem… Fiéis espasmos que desconheço - e que remexem em mim
o que eu desprezo tanto.




— João Otero - 4-mai-2014 —

24 maio 2014

Pétrea flor





A pétrea flor
Purificada em brasas
E relegada ao tempo.
Mas já não cheira
Mas já não brilha
Já não tem cor
A pétrea flor
Já relegada ao tempo.



-- João Otero - 24-mai-2014 --

19 maio 2014

Vazia





                    você vendia vida
                    vertia vícios,
                              vívidas volúpias

                    variadas vezes
                    ventriculou valente
                              visualizando velas

                    voava vívida...
                    voltava velha

                              vagando nas ruas vazias




Veja outros poemas da coleção Letras.

-- João Otero - 19-mai-2014 --

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Eberton Tomaz. Lutou com uma perna só. Perdeu a luta. Mas foi aplaudido pelo ginásio inteiro.
Perdeu de verdade; venceu!

18 maio 2014

Jamais amor





                                         jamais amor 
                                         jamais amor outra vez
                                         o que já foi não regressa
                                         é caco partido, é buraco
                                         é como o tempo fraco que se engessa
                                         e fica só o contorno do que desocupa
                                         e fica só a culpa
                                         fica a insensatez
                                         jamais amor 
                                         jamais amor outra vez



                                         — João Otero - 18-mai-2014 —

Sobre a vitória

Você foi com calma, teve receio, não deu seu máximo, se protegeu. Garantiu uma posição segura.
Você ficou numa condição confortável. Foi com paciência, devagar. Não se arriscou. Mas aproveitou as oportunidades com afinco. Fez o seu melhor quando as condições foram favoráveis. Fez o que tinha que fazer - até algumas coisas que normalmente não faria. Você chegou lá no topo. Obteve muitas conquistas! Acumulou muitas vitórias!

Mas no fundo, você sabe: você não tentou de verdade. Você não venceu de verdade. E quando não venceu, você nem mesmo falhou de verdade.
Você perdeu. E você sabe.

Você escolheu o caminho mais fácil. Você não se jogou, não foi com tudo.
Todo bônus tem seu ônus. Mas você não aceitou as adversidades.
Você perdeu.

Você fechou os olhos ao que não queria ver: você perdeu. Você não acolheu a dor: você perdeu. Você transferiu a sua culpa: você perdeu. Você trapaceou: você perdeu. Você prometeu e não cumpriu, você traiu: você perdeu.
Você se entregou: você perdeu. Você se importou com a opinião alheia: você perdeu.
Você manipulou, ludibriou, faltou com a verdade: você perdeu. Você aceitou vantagens: você perdeu.
Você pisou em outras pessoas: você perdeu. Você mentiu: você perdeu. Você continua em sua zona-de-conforto: você perdeu. Você sujou as mãos: você perdeu. Você sentiu vergonha: você não seguiu seus valores, você perdeu. Você abriu mão de seus sonhos: você perdeu. Você se vendeu, vendeu a sua alma: você perdeu.




Você teve medo, mas foi com medo mesmo: você venceu. Você deu a cara a tapa: você venceu. Você sustentou seus valores, contra tudo e todos: você venceu.

Você chegou quase lá, mas não conquistou seu objetivo. Mas você deu tudo o que tinha. Fez o seu melhor. Você sofreu, mas não se intimidou. Você não tinha mais fôlego, mas tentou mais uma vez. Você apanhou, está no chão, destroçado, acabado, sem forças. Mas você ainda está respirando. E você não se corrompeu.

Você falhou de verdade. Você atingiu o seu limite.  E sua alma ainda está limpa, e é sua.
Você venceu!

-- João Otero - 15-mai-2014 --


Exemplos:

-- 18-mai-2014:
http://globoesporte.globo.com/es/noticia/2014/05/boxe-aos-76-anos-touro-moreno-e-derrotado-na-volta-aos-ringues-no-es.html

-- 18-mai-2014:
http://jcotero.blogspot.com.br/2014/05/eberton-tomaz.html

-- aprender a falhar:
http://qr.ae/yyo8X

-- Parar de viver é de matar:
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marilizpereirajorge/2014/05/1458150-parar-de-viver-e-de-matar.shtml?fb_action_ids=10203820349569069&fb_action_types=og.recommends

Vida... Sempre tirando uma com a nossa cara!
=)

15 maio 2014

Perdido, entre o instinto e a razão.
Querendo ambos, mas nenhum dos dois.
Não-querendo deveras o instinto que aflige tanto - touro louco, incontrolável.
Mas saudoso por deixá-lo. Nostálgico de sua alegria corcoveante; da cor de sua giba floreteada.
Dorme, instinto... Um dia, quando mais forte, volto a acordá-lo.
Quando eu tiver exorcizado um pouco da alma de mim mesmo.

-- João Otero - 15-mai-2014 --

Charada






E o que é que rima com o amor que mirra?
               Somente a birra em dor se anima.







-- João Otero 18-mai-2014 --

14 maio 2014

Insônia :-/

12 maio 2014

Revelação




Revelação: o Amor não existe!
E, subitamente, metade dos meus poemas
virou palpite.


-- João Otero - 12-mai-2014 --

11 maio 2014




Hoje é um dia com um que de estranheza... Alguma coisa, algum gosto. Tem alguma coisa estranha hoje.




08 maio 2014

Provérbios




                      De dó e de si
                           todo mundo canta um pouco...


-- João Otero - 8-mai-2014 --

Sonho Enquanto Passas (versão 2)




comoenquantopassasdeameixaedeuvaestáescuromasvelasummortoiluminamomeucaixãovoucomoteuolharqueamassaquetuusasprabaternomeucoraçãoemematasemquemeescondoentreosbichosquevertemdosmeusprópriosnichosdeinsensateznãoseiseésumsonhopastéisoulimpidezmascomoenquantopassasdeameixaedeuvaelogologotusomesnacurva


-- João Otero 8-mai-2014 - versão original em 02-fev-2000 --

A Vida Voa




                         A Vida voa
                         Veste seus véus
                         Seduz
                         Vilipendia
                         A vida vem cheia
                         E quando vê, 
                         Quem desviveu,
                         Vazou
                         Vazia



-- João Otero - 8-mai-2014 --

04 maio 2014

Folhas - Parte Final





E então seu olhar mudou uma última vez. De volta ao redemoinho das folhas dançantes da calçada na noite fria de outono, aquele olhar derradeiro não era mais meramente contemplativo. Não era um olhar de sorrisos. Desfolheava-lhe a vida.
O olhar desvelador. Percebia, enfim, todas aquelas folhas como páginas e fragmentos da história que escreveu. Tinha-as à frente de suas memórias, para dispor-lhes na ordem em que desejasse. E no entanto, era-lhe fatídica a sequência das aflições e dos sorrisos.
Imaginou aqueles pedaços bagunçados de vida se re-arranjando numa outra ordem. Noutros compêndios. Noutro destino. Um onde talvez a senhora sentada ali no banco da praça acabasse por ser sua companheira, vigiando-o de longe, como por tantos anos. Onde a praça pudesse não ser aquela, mas outra sabe-se-lá-onde. Onde talvez tivesse tido netos - e filhos, antes deles. Onde as lágrimas pingariam outros sais, sob outros sóis, por entre outras bocas, e consoladas por outros dedos que não os seus. E talvez daqueles olhos azuis tivesse-as sorvido mais vezes. Tanto as salgadas quando as doces.
O olhar de então criava. Artístico, num re-arranjo nem tão inédito assim. Era um amigo de há muito visitando novamente aquele rosto. Mas houveram escolhas. “Destinos?” - uns diriam. Caminhos. Vida. Foi assim a dele, até ali.
E era esse olhar particular sobre sua vida tudo o que carregara dela própria até então. Era, de tudo o que viveu, aquilo que conseguiu trazer consigo. 
Tudo o que possuía era o seu próprio olhar. E os olhos dela.







— João Otero - 1-mai-2014 —

Folhas - Partes 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13 e 14






Nota: Caro leitor, o autor ficou de saco cheio e não vai mais escrever as demais partes da história, inicialmente prevista para 15 partes.
No entanto, o final já estava escrito (tudo sempre tem o final já escrito...). Veja-o no link abaixo.






— João Otero - 3-mai-2014 —

03 maio 2014

Folhas - Parte 3





O olhar gripado. Contraponto ao influxo de ar gelado que adentrava as narinas. Ao agrado gelado do vento cortante no rosto. Agrado porque se percebia vivo. Percorria suas veias todo aquele frio como se fosse vida, como se fosse ânimo. Os raios de sol, anúncios de boa sorte, promessas de um bom dia. E o tempo não se expandia mais além. Ficava ali, confinado entre o branco amanhecer e amarelando-se até o pôr-do-sol alaranjado.
Gripado o olhar porque quase gotejava uma lágrima. Avermelhava um pouquinho o contorno dos olhos. Quase soluçava, meio febril. Quase doente. Mas febril de uma doença boa. Febril da paixão que estufa o peito ao ver a mochila dela guardando lugar na fila ali no pátio do colégio - e bem ao lado da sua!
Naquele tempo, um dia tinha o tamanho das cartas, e era o tamanho de toda a vida. 
Não lembrava se isso foi antes ou depois das trocas de bilhetes sinceros que cruzavam a sala tensos de mão-em-mão até o desabrochar de um sorriso a apenas confirmar o que todos já sabiam.
Mas pouco importava. Naquele dia, percorreriam lado a lado o caminho do pátio até a sala de aula. E aos 7 anos de idade, isso era o triunfo de um dia.

(continua...)





— João Otero - 3-mai-2014 —

02 maio 2014

Folhas - Parte 2





O olhar eriçado. Como um gato surpreendido. Pois antes que regressasse ao veranico, pousou desavisado ali numa lembrança furtiva de infância. Daquelas que se revelam como novidades, a pouco quase esquecidas naqueles cantos que não se remexe. O olhar bateu na folha seca, e a folha virou blue… 
Tinha agora ali frente a seus olhos o mesmo papel de carta azul das primeiras rimas, endereçadas a um aniversário. Mas queriam dizer mais que parabéns - ela sempre soube. E eram parabéns, entretanto, embora não dissessem em momento algum. Eram, para quem lesse, nada além de cavernas encantadas e dragões e rimas bobas e insignificâncias. Mas eram rimas com cheiro. Num papel azul amassado, que embrulhou também bichinhos de porcelana. E como a porcelana marcou o papel-de-carta, a carta fez uma marca no tempo. Foi o primeiro tempo, o da coragem de dizer, sem revelar. O de saber-se o que não foi dito. O da certeza absoluta sem nenhuma evidência além da crença pura. Ela sabia. E para a carta, bastava. 
As cartas nunca se preocuparam com a efemeridade do tempo…

(continua…)






— João Otero - 2-mai-2014 —

30 abril 2014

Folhas - Parte 1





O olhar ouriçado. Quase que se acendia tal duas luas-cheias estampadas no rosto maravilhado,
fazendo ciúmes às estrelas que, enquanto crescia o olhar, iam se apagando e sumindo no céu...
As luzes de todos os lados parece que se ajuntavam mirando num ponto só.
E mais brilhante que a esperança daquele olhar, só ela - aqueles doces fios dourados, suspensos no tempo e iluminados pelo foco de atenção irradiante do menino.
Quem passasse por ali e se atrevesse a lançar atenção àquele olhar estático perdido no nada vazio daquela calçada enfolharada, nada compreenderia daquela cena noturna de outono. Não perceberia que era cena de veranico ensolarado. Não enxergaria o calor das duas mãos unidas daqueles anos atrás que não estavam mais ali.
Tampouco enxergaria o menino.
Veriam um velho. Um sorriso semi-aberto. Uma curiosidade passageira. E seguiriam seu caminho sem dispender muito tempo nem compreender coisa alguma.
Talvez pisassem nas folhas secas da calçada sem nem notar as outras que redemoinhavam ao lado.
O redomoinho de folhas secas iluminado de olhar saudoso de um menino ainda vivo naquele peito tão velho.
Foi naquele veranico...

(continua...)




-- João Otero - 30-abr-2014 --

29 abril 2014

Sonolentitudes




Sonolentitudes quando acordormi...




-- João Otero - 29-abr-2014 --

27 abril 2014

Em família


O a e o i, juntos, num suspiro desvelado
(a falsa dor duma gata no cio,  o ardor e o parto - e algo nascia)

E todas elas a, i, e e o em família,
Entremeadas na multidão que avançava a paus e pedras

E lá atrás, em meio a elas, vinha o u carregado
(e quem lhe dava a mão, lhe encorajava: não trema!)

E o a e o o, tinham o mesmo til

(...essas vogais são cheias de parênteses)


-- João Otero - 27-abr-2014 --

Sósias



                                               Sapeca, serelepe... sonhadora
                                                    Sabia sorver solitude

                                          Somatizava sorrisos salgados
                                                    Sob as mil sósias 
                                                                           de si


                                                                             Veja outros poemas da coleção Letras

                                                                             -- João Otero - 27-abr-2014 --



15 abril 2014

Nada como pizza grátis!
...Quer dizer, como. Muito.

12 abril 2014

Lembre-se de que você mesmo é o melhor secretário de sua tarefa, o mais eficiente propagandista de seus ideais, a mais clara demonstração de seus princípios, o mais alto padrão do ensino superior que seu espírito abraça e a mensagem viva das elevadas noções que você transmite aos outros. Não se esqueça, igualmente, de que o maior inimigo de suas realizações mais nobres, a completa ou incompleta negação do idealismo sublime que você apregoa, a nota discordante da sinfonia do bem que pretende executar, o arquiteto de suas aflições e o destruidor de suas oportunidades de elevação - é você mesmo.
Francisco Cândido Xavier

07 abril 2014





Mais uma dobrinha...
Disse o olho à vida, silencioso
Enquanto aprendia a contar o tempo



-- João Otero - 7-abr-2014 --

06 abril 2014




Eu quero, do meu amor, que nunca deixe-me de ser 
um tiquinho de ilusório; de exageradamente terno...
E que esse nunca seja tão constante e eterno
Que torne em mim o que há de mais real
em belo



-- João Otero - 6-abr-2014 --

05 abril 2014




Uma resposta imediata, curta e compreensível: 
Pressa.

Se satisfatória é um atributo desejado, então escolha apenas 2 dentre os outros 3 atributos iniciais.


-- João Otero - 5-abr-2014 --

A Camisa


No fim, a vida adulta não muda muito da infância: o desafio é chegar-se ao final do dia ainda limpo.
Até dá pra sujar o rosto, levar uns tombos, sujar as mãos. Mas a camisa tem que estar limpa. Manter a camisa limpa é vencer.
Na infância, suja-se de comida. Na vida adulta, são nossos valores, nossa consciência.
O sapato até pode ficar sujo de lama, pois afinal às vezes é difícil cuidar-se onde pisa (agora que há tantos anos já aprendemos a olhar sempre pra frente...). 
Mas ao final do dia, o desafio continua sendo manter a camisa limpa. A camisa tem que estar limpa.



-- João Otero - 5-abr-2014 - ao som de Lorde, Lollapalooza Brasil --

04 abril 2014




Dê dois parênteses a um poeta e ele desvia o fluxo dum rio (ah!, o amor...).


-- João Otero - 4-abr-2014 --

02 abril 2014

Provérbio






                           Cada um sofre com a enxada que tem...








-- João Otero - 2-abr-2014 --

O fusca azul





O fusca azul da parede da revistaria
até parece que chorava ser nostalgia...

Acho que foram as lágrimas
que me chamaram atenção.

...Algumas lágrimas até nos deixam mais bonitos.


-- João Otero - 2-abr-2014 --

01 abril 2014

Quando a vida acontece



A vida acontece no passeio entre o viaduto e o caminho da rua das flores

A vida desacontece na traseira do caminhão-de-lixo ao dobrar-se a esquina

A vida acontece na gota de café que respinga em forma de um coração

A vida desacontece com a garçonete limpando a mesa

A vida acontece com o sorriso que escapou do teu rosto e abriu o sol

A vida desacontece num sinal mal-interpretado, numa tempestade, 
num copo d'água, 
num tchau,
Nas costas viradas, de repente, por nada, sem entender-se o porquê
Na poça d'água que não era pra estar ali
No bonde que atrasou,
No olhar que não viu,
No pensamento que jamais soube que era correspondido


A vida desacontece é quando a deixamos acontecer



-- João Otero - 1-abr-2014 --


Bruto





O bruto lapidar que aflora o brilho

Translúcido - de opaco, flácido, absorto

E ao lapidar, o caco e o joelho torto

E o estribilho em ritornelo na beleza que labuto...

Ao retinir da pedra percebo que é fajuto

Um sonho que se leva a vida desfiando




-- João Otero - 1-abr-2014 --


Minha infância foi tão boa!
Tão boa...

Maldita infância.
Que contrapeso de vida.

-- João Otero - 1-abr-2014 --
É com olhos, não com a mão, que se escreve poesia
Escrever é perseguir o olhar à maestria
Só que ouvidos, línguas, mãos,
narizes e coração, têm olhos também!
Só não vêem os que não vêem.

-- João Otero - 1-abr-2014 --
Ufa! Salvei o dia.
Fiz uma piada.

-- João Otero - 1-abr-2014 --

31 março 2014

Linhas




                          Breve e ligeira
                             passeava furtiva a linha
                             entrelaçada na minha
                             outra linha bem mais grave

                        Eram riscas de saudade
                            enovelando suaves
                                   a minha tarde





— João Otero - 31-mar-2014 —



               Meu coração saiu
               limpar o c…
               (da merda que fez).
                              
Transcendeu à oração.
               
               Graças! - houvera de ter
               alguma pureza
               ainda guardada.





— João Otero - 31-mar-2014 —

30 março 2014

Quisera ser dígrafo




                                           quisera ser dígrafo,
                                           cumplicência, ressonância,
                                                                   daltonismo

                                           mas teve a vida em dois peitos,
                                           na variância osciloscópica
                                                 da arritmia

                                            morrera de anacronismo





— João Otero - 30-mar-2014 —

29 março 2014

Vaga




                                        e vendo minguar o farol
                                 que balançava lá atrás


                        alentou a quem soubesse, 
                              deste amor, aonde mirar?


                                     se viu só,
                                         sem quem dissesse…


                                não mais que o barco, da proa
                                        não mais que o casco, do mar




— João Otero - 30-mar-2014 —

Das Coisas Como Elas São





Dor e amor
Labuta e puta

Êta rimas mais batidas!

          Mas não são rimas, são fatos
          Quem lhes rimou foram as vidas…



-- João Otero - 29-mar-2014 --

27 março 2014

Crônicas Tecnológicas II


Felipe e Pedro eram irmãos. Certo dia, Pedro sofreu um grave acidente e foi levado às pressas ao hospital. Por sorte, seu sistema de backups não foi afetado e a equipe médica pôde reconstituir o modelo lógico de seu cérebro átomo a átomo, tal qual momentos antes do acidente. 

Uma pequena parte do cérebro foi substituída por uma prótese artificial, mas que obedecia às mesmas funções lógicas, e que foi resetada ao mesmo estado funcional anterior do cérebro então danificado.  Avanço na medicina - era a primeira vez que tal procedimento tinha sido concluído com êxito absoluto!

Testes confirmaram que o funcionamento mental de Pedro não foi afetado em parte alguma. Não houve perda motora, não houve perda alguma de memória, não houve influência no seu funcionamento lógico - ou seja, nem mesmo a introdução de novas memórias fictícias, ou uma influência em suas percepções sensoriais, e nem mesmo alteração alguma na forma como Pedro sentia suas emoções.

Em suma, Pedro era o mesmíssimo mesmo Pedro de sempre.

Anos adiante, Pedro sofreu novamente da mesma má sorte. Desta vez um pedaço bem maior de seu cérebro foi danificado. Morte cerebral instantânea. 

Mas por um pouco de boa sorte (que tudo na vida vem de um jeito equilibrado), a mesma equipe médica, melhor do mundo naquela especialidade, conseguiu acessar os dados de backup de Pedro junto ao seu exame de ressonância mais recente e foi capaz de reconstruir artificialmente um cérebro inteiro, novinho em folha - que funcionava tal qual o cérebro carbônico anterior. 

O procedimento cirúrgico foi rápido e Pedro voltou para casa normalmente ao final do dia, assim como qualquer um desses ressucitados que abundam cotidianamente pelos hospitais do mundo todo…

Assim como da primeira vez, testes confirmaram que os traços de memória, personalidade, caráter, regras de decisão, empatia e emoção continuavam os mesmos do Pedro original. Mas desta vez, o cérebro de Pedro era 100% máquina. Entretando, pensava como Pedro, tinha as memórias de Pedro, se emocionava como Pedro, comandava inclusive o corpo de Pedro. Ou seja, “era”, de fato, ainda, Pedro.

Pedro foi um desses casos raríssimos que participou de forma crucial em 2 dos avanços científicos mais significativos da ciência humana.

Com o novo cérebro artificial, Pedro tornou-se o primeiro humano a ultrapassar o ducentésimo aniversário (visto que os demais órgãos sempre foram muito mais fáceis de manter e consertar, já há muitas décadas). 

Através de Pedro, psicólogos e pesquisadores de todo o mundo puderam analisar efeitos emocionais até então desconhecidos na história do homem: Pedro viu mais gerações de familiares partirem desta para melhor do que qualquer outro humano vivo até então.

O cérebro de Pedro tornou-se tão importante para as pesquisas que de fato foi replicado 214 vezes, sob encomenda e com seu pleno aceite e autorização, e empregado como voluntário em institutos de pesquisa ao redor do mundo, contido em corpos artificiais. 

A partir do momento de sua concepção, tais Pedros passaram a se comportar com pequenas variações e distinções entre si, razão da influência de diferentes dados sensoriais e experiências de vida às quais foram submetidos. Mas até o momento de sua concepção, todos os 214 Pedros possuíam a mesma memória de 200 e poucos anos. Todos se consideravam vivos à muito tempo, lembravam das mesmas coisas, tinham os mesmos preceitos morais, os mesmos laços afetivos. 

Era apenas como que instantaneamente pudessem tomar 214 caminhos simultâneos. Visitar 214 lugares diferentes ao mesmo tempo. Interagir com 214 pessoas em diferentes locais do mundo, na mesma hora. A partir de sua concepção, tornaram-se 214 vidas independentes. Mas todos eles com 200 e poucos anos de memória e experiências identicamente comuns entre eles.

A “mente” afinal, aprendeu-se enfim, não tem relação alguma com o corpo. Nem com o cérebro. Nem mesmo com o “ser” - levou algumas décadas, mas finalmente todos agora compreendiam! A mente é tão só um processo lógico, que pode “viver” e ser replicada em qualquer substrato que respeite as mesmas regras lógicas seguidas pela mente original - ou impostas pelo cérebro original.

De fato, recentemente os garotos do colégio Emmanuel lá de Jericoacoara (com a ajuda de seus personal bots, obviamente) replicaram 3 segundos das memória de Felipe numa cadeia de dominós no que possivelmente virá a se tornar a maior cadeia de dominós do mundo - ainda a ser confirmada pelo Guinness Book, que está verificando se de fato todos os dominós caíram.

Diz-se que Felipe-versão-dominó morreu feliz. Algumas pessoas ainda não conseguem aceitar esse conceito… - só um breve comentário.

Mas, veja, esse nem é o grande problema. O que tornou-se complicado mesmo foi concluir se Felipe, então irmão de Pedro, foi ou não a primeira pessoa do mundo a ter 215 irmãos. 

Ou se apenas os 214 Pedros-gêmeos é que tinham um único e mesmo irmão, Felipe - já que tecnicamente os Pedros-gêmeos não eram bem gêmeos, e sim a “mesma” pessoa, com múltiplas existências. 

Esse problema ainda é debate acirrado em mesas de bar até hoje, e abalou algumas estruturas sociais profundamente: foi aquele o dia em que o conceito de “irmandade” tornou-se unidirecional? Mas, e pode isso?!



Veja outras Crônicas Tecnológicas e outros textos.

— João Otero - 27-mar-2014 —