04 junho 2014

Sobre as verdades




Ninguém nunca mente. Proferem entretanto verdades congênitas.
Encasuladas borboletas transformistas.
Verdades adequadas; incubadas. Mas todas verdades.
Somente a mais deslavada e pura verdade.
Dessas que descem arranhando quente na garganta.
(Que é assim que se a degusta as verdades aparadas de seus adendos.)
Já a verdade inteira, essa é uma outra história…
É verdade crua, viva - e nem todos têm paladar para ela.
Verdades são costumeiramente só aceitas bem cozidas.
Meu paladar, no entanto, é grotesco: só engulo verdades ante-útero.


-- João Otero - 4-mai-2014 --