28 janeiro 2011

O medo

o medo,
um algo ruim dissolvido na incerteza
assaltante e posseiro da mente,
cujo pensamento deveria unicamente
se ocupar de mexer as pernas imóveis,
de correr com presteza!
o medo,
que não serviu jamais para mais do que alguns conselhos
que no teu espelho, serviu apenas para evitar alguns cacos,
uns parcos erros, alguns cortes
(mas já se sofrendo...)
o medo,
que serviu apenas para evitar algumas mortes
(mas já se morrendo...)
o medo,
que enfim, pobre coitado,
nunca deixou por estes lados nada que preste
o medo,
professor severo da timidez
inimigo da paixão e qualquer outra insensatez
palhaço triste do circo da vida, ocupando as tuas noites,
no picadeiro dos teus sonhos
(porque não mais dos meus)
ao medo,
companheiro daqueles que não têm ânsias,
companheiro daqueles que não têm sorte,
o meu sincero abraço forte,
as minhas palmas
e adeus!

-- João Otero - 27-jan-11 --