Esse era eu, uns anos atrás, pensando em como seria lá no final do Universo...
Sou um determinista, e portanto avesso a todas as probabilidades quando transformadas em "lei" (como a física quântica ou a entropia, por exemplo - embora eu ainda as aceite bem se tratadas como ferramentais matemáticos, apenas).
Mas gosto de manter sempre em mente que o limite de uma série qualquer é "quase o número", mas nunca "é" o número.
Gosto de manter sempre em mente que apesar de não podermos determinar simultâneamente a posição e a velocidade de uma partícula, não quer dizer que essa particula não possua de fato uma posição e uma velocidade únicas em um dado momento.
E que por mais que não haja computador capaz de computar todos os a-toms do universo e descobrir seu próximo estado, não quer dizer que o conjunto de todas as coisas não possua um único e bem determinar próximo estado, consequência direta do estado presente e das leis universais que as regem.
E sendo assim, como seria lá na beirada do universo, que se expande, se expande...?
Digamos que ele parasse de expandir: "batesse na borda". E começasse a voltar: exatamente para o último estado antes de bater lá na borda...
O tempo, que para nós parece linear, continuaria uma sucessão de "estados" instantâneos do universo. Mas agora ele estaria andando de trás para frente, voltando aos exatos estados anteriores, numa sucessão idêntica e contrária à sucessão que o fez chegar na tal borda.
...E quando o universo todo se implodisse em si mesmo, chegando no extremo de concentração de partículas que não cabem mais umas nas outras, só teria o mesmo caminho original a percorrer, expandindo até hoje, expandindo até a beira do universo, e voltando para esse ciclo eternamente, num vai-e-vem eterno como um elástico.
Minha ideia do universo provavelmente está errada. E eu nem quero pensar muito no assunto e nem estudar física, porque me frustra muito saber que jamais vou ter a resposta... Mas bem que essa ideia me deu um poeminha interessante:
Na Beira do Universo
Na beira do universo em tempo infindo
o tempo não queria mais correr.
De trás pra frente tudo veio vindo
e a morte começou a renascer.
Os raios alcançaram seu destino
- e ele não sabia o que fazer.
Os raios regrediram então seus brilhos
e os fótons implodiram ao florescer.
Com todo o infinito acumulado
no ínfimo corpúsculo do nada,
o cúmulo improvável aconteceu:
O cosmo já não tinha mais passado!
...A lei da entropia derrubada,
com morte ao mesmo tempo em que nasceu.
- João Otero - 18/out/2005 --