21 abril 2009

poesia: Ardente



e tudo de súbito é claro - o que já foi transparente
um sangue do meu próprio peito jorrou-se em mácula, ausente
se era o outro lado, o sinistro!, o lado então descontente
porque não deságua ele, e é este lado o vertente?

e tudo de súbito é claro - eu de dois lados carente
o chicote que me adestra foi um carrasco veemente
o lado esquerdo, cortado, já tornou-se indiferente
o lado direito, coitado, passou a ser o que sente

-- João Otero - 21-abril-09 --