17 maio 2009

poesia: Te desafio, minha linda

Te desafio, minha linda

Não sou feito cereal - de um sabor só, com conservantes...
Não sou definido, sempre o mesmo; tenho um furor mais errante...
Mudam meu rosto e meu tom... assim como muda a tua boca,
com teu batom cor-de-frio
Só meu bem-querer por ti não muda em nenhum segundo
Eu vim deturpar o teu mundo, te lançar um desafio
Quando os ponteiros das horas ficarem iguais aos minutos,
Sorri... mas não conta, minha linda!
Pedidos contados não valem, transgressão da minha vida...
Não te catei sem razão do meio de tantos vultos
Quero enroscar em tuas mãos as minhas linhas às tuas;
desenrolar teus novelos e ir remendando os teus furos...
Quero enozar na tua perna pra esquentar nossas duas
Entre a verdade ingênua e o gosto da consequência
quero somente a essência, de um jeito que não estranhes,
e jogarei pra perder, querendo que tu me ganhes:
me cante um verso invertido no verso esmaecido da bolacha de cerveja
Fica away como quem sai, e na verdade vai...
...mas volta, depois,
trazendo uma rosa champagne
que como um escudo proteja de um rapto consentido,
pois ainda quero que vejas o nosso tempo parar
Não são só balas e dôces pra te açucarar a saliva..
Quero espichar essa noite que nos foge tão furtiva
e avisar a esse sol que ainda há lua lá em cima!
Diz lá pra ele esperar...
E nesse momento imóvel - e nesse frio, esse vento... -
eu enebriado nas tintas desses teus olhos meigos,
desses teus olhos mudos...;
nesse teu delicado aroma de chocolate branco;
em meio a sinceros suspiros e mais mil encantos...;
de mãos dadas, minha linda, faremos de tudo!

-- João Otero - 17-mai-2009 --