Me doem no peito uns amores...
De uns sorrisos, de uns olhares, de umas cores
Que tive - ou achei que tive
Como sinceros aos meus louvores
...E outros olhos (cheios de cores!)
...E outros lábios (cheios de amores!)
...E outros braços (cheios de flores!)
Passam nas ruas...
Enquanto meu peito - cheio de dores
Me tem doendo mais uns amores
-- João Otero - 29-abr-10 --
27 abril 2010
26 abril 2010
Escolhas
Não se pode ter tudo.
É inevitável: não se ganha nada sem se perder algo em troca.
Nossa esperança é ter um pouco de juízo e alguma sorte para decidir agora sobre as escolhas que se mostrarão as mais sábias no futuro.
E não há muito mais certeza na decisão de agora do que a que há num jogo de azar...
Nem sempre as melhores escolhas são realmente as melhores escolhas.
Certo, mesmo, é que nunca se pode ter tudo.
A fé, no final das contas, é só o que resta.
É inevitável: não se ganha nada sem se perder algo em troca.
Nossa esperança é ter um pouco de juízo e alguma sorte para decidir agora sobre as escolhas que se mostrarão as mais sábias no futuro.
E não há muito mais certeza na decisão de agora do que a que há num jogo de azar...
Nem sempre as melhores escolhas são realmente as melhores escolhas.
Certo, mesmo, é que nunca se pode ter tudo.
A fé, no final das contas, é só o que resta.
22 abril 2010
Poeminha ao vento
Se um vento assim qualquer te soprar ao pé do ouvido
Bem decerto que fui eu que sussurrou pensando em ti
Mas se ao toque dele, mudo, despertar-te a libido
Foi tão só um beijo meu que se perdeu por aí...
-- João Otero - 22-04-10 --
Bem decerto que fui eu que sussurrou pensando em ti
Mas se ao toque dele, mudo, despertar-te a libido
Foi tão só um beijo meu que se perdeu por aí...
-- João Otero - 22-04-10 --
16 abril 2010
Inefável
Eu quero uma revolução, uma guerra,
Uma epidemia
Uma dor de verdade
Uma verdade mais crua
Uma poça de vômito no meio da rua
Um caco encravado na unha
E uma costela partida
Eu quero da esperança a cara triste,
Definhando um sorriso banguela;
E eu com o dedo em riste
Abafando uma saudade
Eu quero um punho em figa
Uma marca da mão estendida na cara
Um pontapé pontiagudo na barriga
Esmagando a realidade
Das verdades que qualquer um diga
Eu quero meu olho cerrado
Os cílios como espinhos encrustrados
Sobre minhas pálpebras ressentidas
E a minha liberdade teria outro gosto
Eu, desapegado de mim mesmo,
Indiferente à minha própria felicidade,
Descuidado de meu próprio rosto
Seria livre, enfim!, para até me ser cruel de mim,
Para até sorver o meu desgosto
E tudo o que me tivessem seria bom
Pois tudo o que eu quisesse, nem ia querer...
Porque de tanto ter, eu não teria nada...
De tanto ser, eu não seria pôrra de nada
Eu não teria pó, nem pena,
Eu não teria pedra,
Eu não teria estrada...
-- João Otero - 16-abr-10 --
Uma epidemia
Uma dor de verdade
Uma verdade mais crua
Uma poça de vômito no meio da rua
Um caco encravado na unha
E uma costela partida
Eu quero da esperança a cara triste,
Definhando um sorriso banguela;
E eu com o dedo em riste
Abafando uma saudade
Eu quero um punho em figa
Uma marca da mão estendida na cara
Um pontapé pontiagudo na barriga
Esmagando a realidade
Das verdades que qualquer um diga
Eu quero meu olho cerrado
Os cílios como espinhos encrustrados
Sobre minhas pálpebras ressentidas
E a minha liberdade teria outro gosto
Eu, desapegado de mim mesmo,
Indiferente à minha própria felicidade,
Descuidado de meu próprio rosto
Seria livre, enfim!, para até me ser cruel de mim,
Para até sorver o meu desgosto
E tudo o que me tivessem seria bom
Pois tudo o que eu quisesse, nem ia querer...
Porque de tanto ter, eu não teria nada...
De tanto ser, eu não seria pôrra de nada
Eu não teria pó, nem pena,
Eu não teria pedra,
Eu não teria estrada...
-- João Otero - 16-abr-10 --
07 abril 2010
Montanha Encantada
Montanha Encantada - (Diálogo Poético com Carlos Drummond de Andrade)
Enquanto mais alto ela ia,
mais encantada ficava
E nessa montanha dourada eu subia, subia...
Mas tinha uma pedra no meio do caminho.
No meio do caminho tinha uma pedra.
E enquanto eu descia rolando, devagarinho
menos encantado eu me tornava...
-- João Otero - 7-abr-10 --
Enquanto mais alto ela ia,
mais encantada ficava
E nessa montanha dourada eu subia, subia...
Mas tinha uma pedra no meio do caminho.
No meio do caminho tinha uma pedra.
E enquanto eu descia rolando, devagarinho
menos encantado eu me tornava...
-- João Otero - 7-abr-10 --
06 abril 2010
05 abril 2010
Elegia da Minha Própria Morte
Logo eu comecei, fui vivendo a vida - e ela adoecia...
A cada dia a mais, um dia a menos me vinha
Quanto mais eu a usava, muito menos dela eu tinha
E ela me apressava,
Olhava pra mim e se ria...
Ria ela de Mim! A vida breve e fraca
A vida parca e rota,
A vida opaca e fria..!
Então desisti da vida e fui viver minha morte -
Como se mais moça, como se mais forte,
Como com mais gosto e muito mais sabida,
E com mais intuito
De seguir adiante
A sua própria vida...
E então - eu já morrendo - fui Eu lá rir dessa vida!
Ri dessa vida fraca, ri dessa vida fria
E fiz da minha nova morte uma constante elegia
Espiei as frestas, como se espia,
Coisas de curiosos aonde quer que eu ia
E me esfreguei em braços que eu nem sabia
Se eram tão sinceros - mas eu nem queria...
Fui sorver orvalhos que eu não conhecia
Desses que se brotam em erva-daninha
...E enquanto eu fui morrendo, nesse meu dia-a-dia,
A cada um dia a menos, um dia a mais eu tinha!
E um dia, tudo se foi...
Foi-se a vida, foi-se troça, foi-se a morte -
Que eu tive breve e sem-sorte -
Mas que foi muito bem vivida!
-- João Otero - 3-abr-2010 --
A cada dia a mais, um dia a menos me vinha
Quanto mais eu a usava, muito menos dela eu tinha
E ela me apressava,
Olhava pra mim e se ria...
Ria ela de Mim! A vida breve e fraca
A vida parca e rota,
A vida opaca e fria..!
Então desisti da vida e fui viver minha morte -
Como se mais moça, como se mais forte,
Como com mais gosto e muito mais sabida,
E com mais intuito
De seguir adiante
A sua própria vida...
E então - eu já morrendo - fui Eu lá rir dessa vida!
Ri dessa vida fraca, ri dessa vida fria
E fiz da minha nova morte uma constante elegia
Espiei as frestas, como se espia,
Coisas de curiosos aonde quer que eu ia
E me esfreguei em braços que eu nem sabia
Se eram tão sinceros - mas eu nem queria...
Fui sorver orvalhos que eu não conhecia
Desses que se brotam em erva-daninha
...E enquanto eu fui morrendo, nesse meu dia-a-dia,
A cada um dia a menos, um dia a mais eu tinha!
E um dia, tudo se foi...
Foi-se a vida, foi-se troça, foi-se a morte -
Que eu tive breve e sem-sorte -
Mas que foi muito bem vivida!
-- João Otero - 3-abr-2010 --
Despautérios
Eu tenho pressa de ti!
Vivo na ânsia do sempre!
E são eternos esses minutos ternos e carinhosos dos teus agrados...
...Mas são mais longas as infindáveis delongas desses teus carinhos sempre atrasados
E até espero por ti
Mas do meu jeito - presente
E quando não vens faz ausente o que eu mais quero - e já não te quero mais cá do meu lado...
...Mas quando não quero, consentes; do beijo mais puro ao mais profanado
Então desatino por ti!
Pairo na volúpia ardida
Eu, do teu lado, apressado
Tu, no teu passo, perdida
-- João Otero - 3-abr-2010 --
Vivo na ânsia do sempre!
E são eternos esses minutos ternos e carinhosos dos teus agrados...
...Mas são mais longas as infindáveis delongas desses teus carinhos sempre atrasados
E até espero por ti
Mas do meu jeito - presente
E quando não vens faz ausente o que eu mais quero - e já não te quero mais cá do meu lado...
...Mas quando não quero, consentes; do beijo mais puro ao mais profanado
Então desatino por ti!
Pairo na volúpia ardida
Eu, do teu lado, apressado
Tu, no teu passo, perdida
-- João Otero - 3-abr-2010 --
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