Não consegui extravasar o tanto de emoção que eu senti
entre a doçura e a aspereza
da minha infância e do destino que me tem incerto.
Não consegui desvencilhar-me da certeza
que desviar-me da pureza é o jeito certo de prosseguir atrapalhado.
E por mais que todos tenham me falado
que o coração é o caminho acertado,
olho pra ele - e ele apertado, agarrando-se nuns minutos vagos dum presente misturado em uns muitos sonhos -
e vendo ao lado que nessa estrada restaram só alguns poucos desgarrados
- heróis minguados, já costurando suas chagas -
não consegui extravasar do jeito certo
a costumeira incerteza diária e companheira
do meu marasmo e das besteiras que eu não fiz.
E o jeito errado de seguir do jeito certo,
talvez um dia isso me seja revelado
na orelha dum livro, num acorde, num suspiro gritado...
E porquanto sendo ignorante, fazendo certo, seguindo parado,
não consegui extravasar-me da angústia,
de nesta minha meia-vida
- ainda -
não conseguir ter feito nada certo
nem nada errado.
-- João Otero - 17-dez-09 --
17 dezembro 2009
01 dezembro 2009
Obra-prima
Teus retorces; obra-prima do meu gozo!
Em consentidos arranhos nas ancas e sôfregos suspiros de inclemente agonia,
Na escalada ansiosa ante o abismo sem-volta do regozijo - e da revolta - que eu sentia...
Tu, três vezes mais te contorcias
E eu, dopado de alegrias breves mais tardias,
Não antevia o grande nojo, que se estanca, mas que derrama - ah! se derrama, um dia...
E nestas tintas sangradas das telas de minhas retinas
Guardarei teu semblante apertado, o teu batom vermelho borrado, a tua boca suculenta mordida...
Tuas pernas tremulando atravessadas, teu cabelo crespo esparramado e a tua mão entreaberta, estendida.
E deste embate enegrecido e retalhado és meu despojo;
Tu, suprema obra-prima do meu nojo,
Retorce entorpecido da minha vida!
-- João Otero - 28/29-nov-09 --
Em consentidos arranhos nas ancas e sôfregos suspiros de inclemente agonia,
Na escalada ansiosa ante o abismo sem-volta do regozijo - e da revolta - que eu sentia...
Tu, três vezes mais te contorcias
E eu, dopado de alegrias breves mais tardias,
Não antevia o grande nojo, que se estanca, mas que derrama - ah! se derrama, um dia...
E nestas tintas sangradas das telas de minhas retinas
Guardarei teu semblante apertado, o teu batom vermelho borrado, a tua boca suculenta mordida...
Tuas pernas tremulando atravessadas, teu cabelo crespo esparramado e a tua mão entreaberta, estendida.
E deste embate enegrecido e retalhado és meu despojo;
Tu, suprema obra-prima do meu nojo,
Retorce entorpecido da minha vida!
-- João Otero - 28/29-nov-09 --
Não quero mais
Terminar é o que eu mais sei na minha vida
Terminar, não concluir;
Terminar assim, sem o por-vir
É o que mais tenho feito nesta vida
Eu sei deixar aberta minha ferida
Eu sei voltar de um beco-sem-saída
Com um passo nem tão calmo, mas nem manco
E quando se me dá em solavanco minha partida,
Percebo que minha alma, ressentida,
Se apega outra vez num sopro franco...
Terminar é o que eu mais fiz durante a vida
Terminar, não concluir;
Terminar sem mais, com dor, sem rir...
"Não quero mais" - hei de mentir
Terminar, talvez, pra não sentir
Minha parca esperança iludida
-- João Otero - 19-nov-09 --
Terminar, não concluir;
Terminar assim, sem o por-vir
É o que mais tenho feito nesta vida
Eu sei deixar aberta minha ferida
Eu sei voltar de um beco-sem-saída
Com um passo nem tão calmo, mas nem manco
E quando se me dá em solavanco minha partida,
Percebo que minha alma, ressentida,
Se apega outra vez num sopro franco...
Terminar é o que eu mais fiz durante a vida
Terminar, não concluir;
Terminar sem mais, com dor, sem rir...
"Não quero mais" - hei de mentir
Terminar, talvez, pra não sentir
Minha parca esperança iludida
-- João Otero - 19-nov-09 --
Para dizer
Requer-se algum sobejo de sensibilidade alheia para que se possa dizer alguma coisa linda,
...ou alguma coisa extremamente feia.
-- João Otero - 22-nov-09 --
...ou alguma coisa extremamente feia.
-- João Otero - 22-nov-09 --
Poesia a ti
É, eu acho que gosto mesmo de ti...
Me atraquei a ser poeta como nunca vi!
...Eu já penso-poesia quando penso-em-ti!
-- Joao Otero - 5-nov-09 --
Me atraquei a ser poeta como nunca vi!
...Eu já penso-poesia quando penso-em-ti!
-- Joao Otero - 5-nov-09 --
Rio de Janeiro
Fui passsear na bahia
Me disseram que era Rio de Janeiro
Olhei por lado e só vi praia
Não vi o rio;
E é inverno - estamos em julho!
...ou será que é janeiro?
-- João Otero - 1-ago-09 --
Me disseram que era Rio de Janeiro
Olhei por lado e só vi praia
Não vi o rio;
E é inverno - estamos em julho!
...ou será que é janeiro?
-- João Otero - 1-ago-09 --
Na Queda
Se soprarem novos ares...que venham!
Rasgando meu rosto aos uivos, e que tenham
Dó, raiva e desgosto
Elevando minhas asas ao céu, pra eu cair de mais alto!
E que me sinta na queda
Sorver sua carícia fugaz
Gostando do medo que faz
O gélido frio do salto
Pois o que leva, um dia traz...
A emoção contrária da queda
na dura face da pedra,
a qual um dia beijei
No frio de uma dor assaz
Vivi a vida que fiz
Onde jamais alguém quis,
Um dia estive
e voltei!
-- João Otero - 1-mai-03 --
Rasgando meu rosto aos uivos, e que tenham
Dó, raiva e desgosto
Elevando minhas asas ao céu, pra eu cair de mais alto!
E que me sinta na queda
Sorver sua carícia fugaz
Gostando do medo que faz
O gélido frio do salto
Pois o que leva, um dia traz...
A emoção contrária da queda
na dura face da pedra,
a qual um dia beijei
No frio de uma dor assaz
Vivi a vida que fiz
Onde jamais alguém quis,
Um dia estive
e voltei!
-- João Otero - 1-mai-03 --
27 novembro 2009
Falo
Eu falo faloe você nao entende...
Tem muito mais que eu queria fazer!
Eu falo falo
se estou descontente
e você nao entende,
ou finge nao saber
Eu, enquanto falo,
deixo você sorridente!
Mas das minhas vírgulas você nao entende -
ou finge não querer
Só sei que se estou descontente,
mesmo se for de repente,
eu falo falo e procuro você
...E ainda você nao entende
que enquanto eu falo falo,
pra muito mais eu preciso você!
-- João Otero - 27-nov-09 --
Tem muito mais que eu queria fazer!
Eu falo falo
se estou descontente
e você nao entende,
ou finge nao saber
Eu, enquanto falo,
deixo você sorridente!
Mas das minhas vírgulas você nao entende -
ou finge não querer
Só sei que se estou descontente,
mesmo se for de repente,
eu falo falo e procuro você
...E ainda você nao entende
que enquanto eu falo falo,
pra muito mais eu preciso você!
-- João Otero - 27-nov-09 --
24 novembro 2009
Dúvida
o que fazer quando não tens, já tendo?
o que fazer com o que já ia sendo
e agora vai... como já vai se vendo?
o que é meu, isso eu não dou, não vendo
mas e o que quero mais, como eu emendo?
e o que mostrar pra quem não está vendo?
isso que se esvai... isso que ia sendo...
o que fazer quando eu lembrar tremendo
da fé que cri, que já me tem descrendo?
a minha agonia, essa me vai crescendo...
o que fazer quando tu tens, não tendo?
-- João Otero - 24-nov-09 --
o que fazer com o que já ia sendo
e agora vai... como já vai se vendo?
o que é meu, isso eu não dou, não vendo
mas e o que quero mais, como eu emendo?
e o que mostrar pra quem não está vendo?
isso que se esvai... isso que ia sendo...
o que fazer quando eu lembrar tremendo
da fé que cri, que já me tem descrendo?
a minha agonia, essa me vai crescendo...
o que fazer quando tu tens, não tendo?
-- João Otero - 24-nov-09 --
22 novembro 2009
Sorrisos Banguelas
Hoje percebo que as bocas banguelas têm mais sorrisos.
Nos tombos infantis ou nos quebrados da velhice,
As bocas banguelas têm mais sorrisos.
E os brancos dentes de marfim e madrepérolas,
Os desentortes de metal,
O sangue cuspido no asfalto...
...São meia-vidas na jornada pela inocência perdida
Que os corações doídos, os erros e os conflitos extremados se abrandem naturalmente.
Assim como caem os dentes.
"Just a little patience", é só o que é preciso.
"Nous ne pouvon pas perdre la naïveté."
-- João Otero - 22-nov-09 --
Nos tombos infantis ou nos quebrados da velhice,
As bocas banguelas têm mais sorrisos.
E os brancos dentes de marfim e madrepérolas,
Os desentortes de metal,
O sangue cuspido no asfalto...
...São meia-vidas na jornada pela inocência perdida
Que os corações doídos, os erros e os conflitos extremados se abrandem naturalmente.
Assim como caem os dentes.
"Just a little patience", é só o que é preciso.
"Nous ne pouvon pas perdre la naïveté."
-- João Otero - 22-nov-09 --
18 novembro 2009
Exército de Mim
Milhares de coisas se alinham à minha frente
Um exército de coisas contra mim, somente
Milhares de mim, em seus diversos tons diferentes...
E mesmo assim, eu ainda sou pouca gente!
-- João Otero - 18-nov-09 --
Um exército de coisas contra mim, somente
Milhares de mim, em seus diversos tons diferentes...
E mesmo assim, eu ainda sou pouca gente!
-- João Otero - 18-nov-09 --
Meus Amores e seus Horrores
Meus amores têm horrores,
cada qual com seu cantar
Tamborilem seus tambores
quando os virem desfilar
Corneteiem aos quatro ventos
minhas dores, meu pesar
Cada qual dos meus amores
tem seu horror singular
E àquele amor que profira
silêncios ao me chamar
Àquele que com ausência
de carícias me tocar
Esse amor terá de mim
amores sem fim
que eu vou lhe dar!
-- João Otero - 18-nov-09 --
cada qual com seu cantar
Tamborilem seus tambores
quando os virem desfilar
Corneteiem aos quatro ventos
minhas dores, meu pesar
Cada qual dos meus amores
tem seu horror singular
E àquele amor que profira
silêncios ao me chamar
Àquele que com ausência
de carícias me tocar
Esse amor terá de mim
amores sem fim
que eu vou lhe dar!
-- João Otero - 18-nov-09 --
17 novembro 2009
13 novembro 2009
poesia: Tempo
Tempo
Olhei ao lado e o tempo ia...
Vagarosamente, num vagar errante
Deslizando viscoso num mar de presentes
Que iam passando, passando, passando...
Olhei o tempo, que ia balançando
Num trotear capenga, em movimento brando
Ia, nem curvado, nem ereto, sendo
Um rastro de névoa no gélido campo
E quando eu passei, ele foi me vendo
Ir no meu trotear, claudicando manco
Olhei ao lado e ia indo o tempo
Enquanto eu fui passando, passando, passando...
-- João Otero - 13-nov-09 --
Olhei ao lado e o tempo ia...
Vagarosamente, num vagar errante
Deslizando viscoso num mar de presentes
Que iam passando, passando, passando...
Olhei o tempo, que ia balançando
Num trotear capenga, em movimento brando
Ia, nem curvado, nem ereto, sendo
Um rastro de névoa no gélido campo
E quando eu passei, ele foi me vendo
Ir no meu trotear, claudicando manco
Olhei ao lado e ia indo o tempo
Enquanto eu fui passando, passando, passando...
-- João Otero - 13-nov-09 --
05 novembro 2009
Olhos
Os meus olhos inchados, feito dois radares
Escaneando as ruas e todos os lugares
Te encontrando em cada sombra, em cada blusa amarrotada
Os meus olhos absortos, esperando na escada
Orando preces desconcertantes e inconformadas
Com a proeminência sutil de uma agulha gotejada
De veneno e ânsias, de bruxas e de fadas
Olhando às vezes torto, a me fazer palhaço
Ou murchando as minhas pétalas, todo feito em pedaços
Trarão um dia minhas pálpebras acenando apavoradas
Cedendo ao solo sujo esses meus joelhos castigados
Ao dobrarem-se no amor da minha garganta sufocada
E essa dor gentil - bendita dor tão esperada,
Sobrepujando o tédio, embaralhando os meus enfados
Ah, essa dor..! Não trocarei por nada!
-- Joao Otero - 27-10-09 - 5-nov-09 --
Escaneando as ruas e todos os lugares
Te encontrando em cada sombra, em cada blusa amarrotada
Os meus olhos absortos, esperando na escada
Orando preces desconcertantes e inconformadas
Com a proeminência sutil de uma agulha gotejada
De veneno e ânsias, de bruxas e de fadas
Olhando às vezes torto, a me fazer palhaço
Ou murchando as minhas pétalas, todo feito em pedaços
Trarão um dia minhas pálpebras acenando apavoradas
Cedendo ao solo sujo esses meus joelhos castigados
Ao dobrarem-se no amor da minha garganta sufocada
E essa dor gentil - bendita dor tão esperada,
Sobrepujando o tédio, embaralhando os meus enfados
Ah, essa dor..! Não trocarei por nada!
-- Joao Otero - 27-10-09 - 5-nov-09 --
04 novembro 2009
02 novembro 2009
poesia: Madrugada
Madrugada
A lua no mar é coisa linda
ao brilho de estrelas embalada
Espia pelo véu de algumas nuvens
enquanto se esconde acanhada
da onda incensurada que nos brinda
Ah! Que coisa linda a madrugada!
-- Joao Otero 2-nov-09 --
A lua no mar é coisa linda
ao brilho de estrelas embalada
Espia pelo véu de algumas nuvens
enquanto se esconde acanhada
da onda incensurada que nos brinda
Ah! Que coisa linda a madrugada!
-- Joao Otero 2-nov-09 --
01 novembro 2009
30 outubro 2009
Por te gostar
Te gosto, sem mais, por te gostar, somente
E te gostando tanto, com um gostar ardente
gosto-te mais do que me gosto, e sofro
neste gostoso alento de degustar teu gosto
E de gostar-te tanto, de te gostar sem medo
eu gosto até de só lembrar teu rosto
E ao te gostar de longe, de te gostar tão cedo
gosto-te o dobro que te tenho dito
gosto-te tal qual coração aflito
gosto-te mais do que eu teria gosto
-- João Otero - 30-out-09 --
E te gostando tanto, com um gostar ardente
gosto-te mais do que me gosto, e sofro
neste gostoso alento de degustar teu gosto
E de gostar-te tanto, de te gostar sem medo
eu gosto até de só lembrar teu rosto
E ao te gostar de longe, de te gostar tão cedo
gosto-te o dobro que te tenho dito
gosto-te tal qual coração aflito
gosto-te mais do que eu teria gosto
-- João Otero - 30-out-09 --
25 outubro 2009
Poesia: Sonhos
Sonhos
..São mais desvairios de um maluco insistente
a provocar o ócio desta impotente rotina;
a projetar memórias mais coloridas na retina
de um futuro errante e quase que ausente
E o presente, lá se vai... Nem vi
Quem sabe um dia apareça de repente
naquele canto onde eu talvez me sente
para rimar os sonhos que eu vivi
-- João Otero - 25-out-09 --
..São mais desvairios de um maluco insistente
a provocar o ócio desta impotente rotina;
a projetar memórias mais coloridas na retina
de um futuro errante e quase que ausente
E o presente, lá se vai... Nem vi
Quem sabe um dia apareça de repente
naquele canto onde eu talvez me sente
para rimar os sonhos que eu vivi
-- João Otero - 25-out-09 --
23 outubro 2009
poesia: Se o teu pão fosse ázimo
Se o teu pão fosse ázimo
não me cheiraria a pão
Me alimentaria a alma
e não algum coração
Se o teu pão fosse ázimo
o tomaria em tua mão
E não de alguns pedaços
rasgados com aflição
Se o teu pão fosse ázimo
me elevaria à imensidão
Não a um sufocante claustro
de liberta privação
Se o teu pão fosse ázimo
Mas não
-- João Otero - 23-out-09 --
não me cheiraria a pão
Me alimentaria a alma
e não algum coração
Se o teu pão fosse ázimo
o tomaria em tua mão
E não de alguns pedaços
rasgados com aflição
Se o teu pão fosse ázimo
me elevaria à imensidão
Não a um sufocante claustro
de liberta privação
Se o teu pão fosse ázimo
Mas não
-- João Otero - 23-out-09 --
10 setembro 2009
07 agosto 2009
08 junho 2009
fotos: Umas fotos aleatórias
05 junho 2009
04 junho 2009
texto: A vida às vezes tem uns ciclos..
A vida às vezes tem uns ciclos... Remexendo por acaso meus escritos, achei um texto que serve pra hoje. Ei-lo:
"Hoje eu acordei de um sono mal dormido. Parecia estranho... Não me sentia bem, nem muito mal.
Passei a tarde assim, peito apertado, garganta apertada. Quem sabe é stress... não sei.
Sentimento de vazio.
O que vem depois? ...De hoje; de 1 mês; no fim do ano?
Nada parece ter graça. Nada parece bonito; mas não parece feio também.
Procuro um sentido em qualquer coisa, mas não acho.
A vida se apresenta sem graça pra mim.
Não tenho nenhum objetivo; parece que falta um sentido na minha vida.
Lembro de você o tempo todo. Mas só te enxergo triste em minhas lembranças. Tento parar de pensar.
Fico olhando para os lados tentando achar algo para me ocupar. Mas nada tem graça.
Tenho muita coisa pra fazer, mas não tenho vontade.
Saudade? Cansaço? Um dia ruim? Não sei...
Tomara amanhã eu não esteja assim. 28/jun/2000"
Não tinha título. Não lembro pra quem foi. Mas quero acreditar que tenha sido uma carta minha pra mim mesmo, quase 9 anos depois... Ao menos, veio a calhar.
"Hoje eu acordei de um sono mal dormido. Parecia estranho... Não me sentia bem, nem muito mal.
Passei a tarde assim, peito apertado, garganta apertada. Quem sabe é stress... não sei.
Sentimento de vazio.
O que vem depois? ...De hoje; de 1 mês; no fim do ano?
Nada parece ter graça. Nada parece bonito; mas não parece feio também.
Procuro um sentido em qualquer coisa, mas não acho.
A vida se apresenta sem graça pra mim.
Não tenho nenhum objetivo; parece que falta um sentido na minha vida.
Lembro de você o tempo todo. Mas só te enxergo triste em minhas lembranças. Tento parar de pensar.
Fico olhando para os lados tentando achar algo para me ocupar. Mas nada tem graça.
Tenho muita coisa pra fazer, mas não tenho vontade.
Saudade? Cansaço? Um dia ruim? Não sei...
Tomara amanhã eu não esteja assim. 28/jun/2000"
Não tinha título. Não lembro pra quem foi. Mas quero acreditar que tenha sido uma carta minha pra mim mesmo, quase 9 anos depois... Ao menos, veio a calhar.
17 maio 2009
poesia: Te desafio, minha linda
Te desafio, minha linda
Não sou feito cereal - de um sabor só, com conservantes...
Não sou definido, sempre o mesmo; tenho um furor mais errante...
Mudam meu rosto e meu tom... assim como muda a tua boca,
com teu batom cor-de-frio
Só meu bem-querer por ti não muda em nenhum segundo
Eu vim deturpar o teu mundo, te lançar um desafio
Quando os ponteiros das horas ficarem iguais aos minutos,
Sorri... mas não conta, minha linda!
Pedidos contados não valem, transgressão da minha vida...
Não te catei sem razão do meio de tantos vultos
Quero enroscar em tuas mãos as minhas linhas às tuas;
desenrolar teus novelos e ir remendando os teus furos...
Quero enozar na tua perna pra esquentar nossas duas
Entre a verdade ingênua e o gosto da consequência
quero somente a essência, de um jeito que não estranhes,
e jogarei pra perder, querendo que tu me ganhes:
me cante um verso invertido no verso esmaecido da bolacha de cerveja
Fica away como quem sai, e na verdade vai...
...mas volta, depois,
trazendo uma rosa champagne
que como um escudo proteja de um rapto consentido,
pois ainda quero que vejas o nosso tempo parar
Não são só balas e dôces pra te açucarar a saliva..
Quero espichar essa noite que nos foge tão furtiva
e avisar a esse sol que ainda há lua lá em cima!
Diz lá pra ele esperar...
E nesse momento imóvel - e nesse frio, esse vento... -
eu enebriado nas tintas desses teus olhos meigos,
desses teus olhos mudos...;
nesse teu delicado aroma de chocolate branco;
em meio a sinceros suspiros e mais mil encantos...;
de mãos dadas, minha linda, faremos de tudo!
-- João Otero - 17-mai-2009 --
Não sou feito cereal - de um sabor só, com conservantes...
Não sou definido, sempre o mesmo; tenho um furor mais errante...
Mudam meu rosto e meu tom... assim como muda a tua boca,
com teu batom cor-de-frio
Só meu bem-querer por ti não muda em nenhum segundo
Eu vim deturpar o teu mundo, te lançar um desafio
Quando os ponteiros das horas ficarem iguais aos minutos,
Sorri... mas não conta, minha linda!
Pedidos contados não valem, transgressão da minha vida...
Não te catei sem razão do meio de tantos vultos
Quero enroscar em tuas mãos as minhas linhas às tuas;
desenrolar teus novelos e ir remendando os teus furos...
Quero enozar na tua perna pra esquentar nossas duas
Entre a verdade ingênua e o gosto da consequência
quero somente a essência, de um jeito que não estranhes,
e jogarei pra perder, querendo que tu me ganhes:
me cante um verso invertido no verso esmaecido da bolacha de cerveja
Fica away como quem sai, e na verdade vai...
...mas volta, depois,
trazendo uma rosa champagne
que como um escudo proteja de um rapto consentido,
pois ainda quero que vejas o nosso tempo parar
Não são só balas e dôces pra te açucarar a saliva..
Quero espichar essa noite que nos foge tão furtiva
e avisar a esse sol que ainda há lua lá em cima!
Diz lá pra ele esperar...
E nesse momento imóvel - e nesse frio, esse vento... -
eu enebriado nas tintas desses teus olhos meigos,
desses teus olhos mudos...;
nesse teu delicado aroma de chocolate branco;
em meio a sinceros suspiros e mais mil encantos...;
de mãos dadas, minha linda, faremos de tudo!
-- João Otero - 17-mai-2009 --
05 maio 2009
poesia: Soneto da Desforra
Soneto da Desforra
Por entre as frestas ouço - mas que assaz tortura! -
os teus inglórios suspiros e alguns rumores
de que tu me queres afagar com outras dores,
envoltas em ardentes gestos de candura...
Tua vulgar, insípida e inócua peçonha,
dizendo a mais de quatro ventos que me ama -
e quando eu sei que o teu afago me conclama
a ser um mero prisioneiro da vergonha -
não vai nem mesmo conquistar algum despojo.
Pros restos do retalho, dentro da ranhura,
trarei a divina obra-prima do teu nojo:
um ninho de mágoas e horrores requintado
darei a tantas que têm peito atrapalhado;
a essas tantas que mendigam por ternura...
-- João Otero - 5-maio-09 --
Por entre as frestas ouço - mas que assaz tortura! -
os teus inglórios suspiros e alguns rumores
de que tu me queres afagar com outras dores,
envoltas em ardentes gestos de candura...
Tua vulgar, insípida e inócua peçonha,
dizendo a mais de quatro ventos que me ama -
e quando eu sei que o teu afago me conclama
a ser um mero prisioneiro da vergonha -
não vai nem mesmo conquistar algum despojo.
Pros restos do retalho, dentro da ranhura,
trarei a divina obra-prima do teu nojo:
um ninho de mágoas e horrores requintado
darei a tantas que têm peito atrapalhado;
a essas tantas que mendigam por ternura...
-- João Otero - 5-maio-09 --
23 abril 2009
poesia: Mar e Ilha
Mar e Ilha
Tu, que de vermelho e preto já me provocou o olhar;
que com teu jeito meigo me lançou ao mar
e com canto de sereia aprisionou-me em ilha
- com esses gestos e desejos tão de longe...
Sê meu mar e ilha, pra eu virar teu monge
e na minha solitude contemplar tua maravilha!
-- Joao Otero - 23-abr-09 --
Tu, que de vermelho e preto já me provocou o olhar;
que com teu jeito meigo me lançou ao mar
e com canto de sereia aprisionou-me em ilha
- com esses gestos e desejos tão de longe...
Sê meu mar e ilha, pra eu virar teu monge
e na minha solitude contemplar tua maravilha!
-- Joao Otero - 23-abr-09 --
21 abril 2009
poesia: Ardente
e tudo de súbito é claro - o que já foi transparente
um sangue do meu próprio peito jorrou-se em mácula, ausente
se era o outro lado, o sinistro!, o lado então descontente
porque não deságua ele, e é este lado o vertente?
e tudo de súbito é claro - eu de dois lados carente
o chicote que me adestra foi um carrasco veemente
o lado esquerdo, cortado, já tornou-se indiferente
o lado direito, coitado, passou a ser o que sente
-- João Otero - 21-abril-09 --
Malvada
oh! desdenhosa dona de um coraçao carcomido
malvada dama que beijou meu caro amigo
te quero mal, mas não sou teu inimigo
de minha parte, o teu maior castigo,
vai ser saber
que por completo me poderías ter tido
mas nunca mais vais ter!
-- Joao Otero - 21-abr-09 --
malvada dama que beijou meu caro amigo
te quero mal, mas não sou teu inimigo
de minha parte, o teu maior castigo,
vai ser saber
que por completo me poderías ter tido
mas nunca mais vais ter!
-- Joao Otero - 21-abr-09 --
07 março 2009
Assinar:
Postagens (Atom)